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Mar 4, 2021 - 3 minute read

Juniores preocupam Marítimo e Nacional quer criar ‘laboratório’

Marítimo e Nacional admitem dificuldades no futuro dos atletas no futebol de formação, devido à paragem de quase duas temporadas, motivada pela pandemia de covid-19. Em declarações à 88.8 JM FM, Nuno Naré e Rui Mâncio, coordenadores do futebol jovem de Marítimo e Nacional, respetivamente, abordaram a suspensão do futebol jovem, que persiste há quase duas temporadas, vincando as suas preocupações mas também potenciais oportunidades neste interregno.

Do lado do Marítimo, Rui Naré vincou a preocupação “com a geração de 2002”, pois trata-se de “juniores de último ano, quase a transitar para seniores”, e estão parados “há um ano”.

Nesse sentido, Naré refere que os verde-rubros já elaboraram uma proposta à Federação Portuguesa de Futebol, no sentido de estes atletas “permanecerem na próxima época no escalão de juniores”.

O coordenador verde-rubro lembra que “a transição de júnior para sénior já é complicada competindo regularmente”, quanto mais “em tempo de pandemia e sem jogar”.

Naré vinca que todas as gerações “suscitam preocupação”, mas é a de 2002 que mais apreensão causa, devido à sua especificidade.

Caso não consigam esse regime de exceção para os juniores, Naré refere que os jogadores “serão provavelmente enquadrados nos sub-23”, mas é “muito complicada e preocupante” a situação desta faixa etária, segundo o responsável.

De resto, o coordenador verde-rubro refere que os atletas têm “treinado online” e inclusive alguns recebem “apoio psicológico”, para lidar “melhor com a frustração de não competirem”.

Em relação a eventuais perdas de atletas, Nuno Naré refere que no anterior desconfinamento não notou perdas “dos iniciados para a frente”, mas, nos escalões mais baixos, “como os infantis, petizes ou benjamins”, muitos atletas faltaram ao treino, com os encarregados de educação e os próprios atletas a terem receio de retomar a atividade.  

Aproveitar oportunidades

Já Rui Mâncio, coordenador do futebol jovem do Nacional, encara este período como uma “janela de oportunidade” no sentido de dar “formação aos recursos humanos”, criando condições para levar a cabo o que chama de um “laboratório de avaliação de performance” dos jogadores, que pode ser transversal até ao futebol profissional.

Mâncio refere que é tempo de “alinhar estratégias no clube”, criando um departamento “capaz de ajudar os atletas”.

Nesse sentido, há já equipamentos encomendados e obras no terreno para construir esse ‘laboratório’, dando mais “formação e competência” no seio do futebol jovem.

Mâncio falou em várias áreas, desde o departamento médico, scouting e até um setor de ‘sports science' que analisa outros fatores na competição como a nutrição, psicologia, monitorização de treinos, etc, trabalhando para “concretizar os sonhos dos jovens em chegar ao mais alto nível”.

Em relação à pandemia e ao seu impacto, Rui Mâncio diz que é preciso “ser verdadeiro com os jovens” e dizer abertamente que “há algo que já se perdeu com esta longa paragem”, com a caminho a ser agora de “potenciar ao máximo o seu rendimento, procurando minorar os estragos causados pela paragem”.  

O responsável diz mesmo que “parte do futuro do jovem está comprometido”, mas há formas de “minorar” esses estragos.

O técnico refere que será preciso recuperar gradualmente o ritmo, algo que poderá levar “três, quatro ou cinco anos”, pois existe um grande défice físico e de competição.

Apesar de fomentar “treinos à distância”, Rui Mâncio quer fomentar a “superação de capacidades”, querendo “formar integralmente os jogadores”, desde a parte desportiva à parte cognitiva, vincando que o Nacional “está preparado para o desafio”.