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Apr 28, 2021 - 3 minute read

Imagens poderão desvendar causa da morte da Maminhas

A Maminhas morreu com 12 anos e terá tido ao longo da vida apenas uma cria. Considerando que a média de vida destes animais ronda os 22 anos, e partindo do princípio que o animal estava saudável, Rosa Pires, do Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza (IFCN), pensa que a fêmea de lobo-marinho “ainda tinha muito para dar” . O animal foi encontrado na praia do Tabaqueiro, na Deserta Grande, conforme o JM noticiou na altura, um local usado pelas fêmeas durante a época de criação. Mal tiveram conhecimento do sucedido, as entidades responsáveis desencadearam uma operação de transporte, a fim de realizarem a necropsia em tempo útil. O mamífero, com peso aproximado de 300 kg, foi transportado numa embarcação do Museu da Baleia, onde se realizou a necropsia, no dia seguinte, com a colaboração de veterinários das Secretarias Regionais da Agricultura e do Mar e Pescas. Sistema de vigilância Apesar da rapidez, as causas ainda não estão totalmente apuradas. O IFCN, de acordo com uma nota enviada no final da autópsia, reafirmou a tese de causas naturais, descartando a hipótese de ter havido intervenção humana na morte. Sobre as referidas “causas naturais”, Rosa Pires também é cuidadosa em relação ao veredito final. Para a conclusão do estudo do cadáver da Maminhas (assim chamada por ter uma teta a mais) contribuirá a ajuda de uma veterinária da Universidade de Hannover, na Alemanha, a quem foram enviados elementos para análise. Outro testemunho, que ajudará a desvendar a morte da Maminhas, será o das imagens do sistema de vigilância e seguimento autónomo que o projeto Life Madeira Lobo-Marinho colocou nos habitats dos animais, entre os quais a enseada do Tabaqueiro. O equipamento é retirado periodicamente do local e isso está para acontecer dentro de pouco tempo, agora com uma preocupação acrescida. O sistema foi desenhado à medida, preparado para enfrentar as condições extremas dos locais onde estão instalados, bem como a escuridão das grutas. Doença ou acidente? A resposta seguirá dentro de dias. Para todos os efeitos, a morte do animal apanhou de surpresa todos aqueles que se dedicam no terreno a esta causa. Projeto para continuar Sobre os aparecimentos fora da Reserva Natural, Rosa Pires diz que é comum acontecerem devido à necessidade que os animais têm de procurar comida e de irem a terra descansar. Por comparação com outra espécie que habita na Mauritânia, onde a essas focas basta saírem da gruta para encontrarem comida em abundância, a investigadora afirma que “os nossos lobos-marinhos não têm vida fácil”. O projeto Life Madeira Lobo-Marinho, que decorreu entre 2014 e 2019, vai ter continuidade, mas a bióloga disse ao JM que não pode avançar, para já, com mais pormenores. A única certeza é que a demanda na conservação do animal emblemático do Arquipélago da Madeira, espécie única no mundo (a foca-monge), que levou em 1990 à criação da Reserva Natural, é para manter. FOTO LIFE MADEIRA LOBO-MARINHO