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Apr 8, 2021 - 3 minute read

Vigília no Funchal pela cultura e artes

Está marcada para o próximo dia 11 de abril, às 10h30, junto à Sé do Funchal, uma vigília pela “cultura e artes da Região Autónoma da Madeira”. É a segunda que é realizada no espaço de um ano. A primeira aconteceu em maio do ano passado, a segunda realiza-se este sábado, numa espécie de “grito de alerta”, sobretudo para as entidades governamentais, sobre a situação financeira difícil na qual se encontram muitos profissionais do setor da cultura. Em declarações ao JM, Luís Pimenta, porta-voz desta iniciativa, começa por lembrar que, desde há um ano, “não houve praticamente soluções apresentadas pelo Governo Regional” e as que existiram, “com a tentativa de duplicar os apoios da Segurança Social durante os últimos meses de 2020, a partir de janeiro e do momento em que aparecem as limitações de público nos eventos culturais, o Governo não voltou atrás nessas medidas e não reavaliou os esforços feitos pelas estruturas institucionais e até privadas para reduzir os impactos da pandemia no setor”. “Parece que estamos esquecidos e que andamos aqui à espera que alguém decida o que fazer da nossa vida”, lamenta este profissional das artes, salientando, com ironia, que, se calhar, será até melhor mudar de área profissional, como por exemplo para a área da construção, porque “essa foi uma atividade que nunca parou”.

 

Sem apoios, nem trabalho

Neste momento existindo apenas o apoio do Ministério da Cultura, através do programa ‘Garantir Cultura’, Luís Pimenta denuncia que, até mesmo esta ajuda não chega a todos. “Em março, quando foram lançadas as primeiras tranches do apoio, muitos artistas viram o pedido negado”, acusa, revelando que o Governo central, para não dar aquela ajuda a todos os que pediram, “encontrou uma panóplia de justificações que não fazem sentido algum”. Agora, em abril, conta que a situação piorou ainda mais para os artistas madeirenses porque, entretanto, a Madeira ficou excluída de as pessoas singulares poderem pedir o apoio extraordinário para os projetos de cultura (no valor de 438,81 euros e que seria duplicado em abril e triplicado em maio).

Luís Pimenta diz que a explicação dada pelo Ministério da Cultura, relativamente a esta mudança, foi a de que as verbas destes apoios já estão direcionadas para a Secretaria Regional do Turismo e Cultura.  Perante este argumento, questiona então quais são os esforços que esta Secretaria Regional está a fazer para combater o impacto da pandemia, e não poupa nas críticas: “Parece que a Secretaria Regional do Turismo e Cultura está escondida numa redoma de publicidade, em que parece que os esforços estão a ser todos feitos e que não há ninguém que é deixado para trás”. Denuncia “falta de planeamento” e confessa não entender as medidas que são decretadas por entender que as mesmas são discriminatórias. Aliás, não é por acaso que a vigília de sábado vai acontecer junto a um monumento religioso. Como é sabido, as igrejas podem acolher até 50% da sua capacidade, enquanto os espaços culturais podem receber até cinco pessoas por espetáculo, independentemente do tamanho da sala ou da sua lotação máxima. Uma decisão que, a par de outras, os artistas contestam veementemente.