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Mar 23, 2021 - 4 minute read

Venezuela: Defesa internacional de Alex Saab garante ser “falso” montante de gastos com advogados

O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, coordenador internacional da defesa do diplomata Alex Saab, preso em Cabo Verde, assegurou que é “falso” que o Governo venezuelano tenha gastado 170 milhões de dólares a defendê-lo, como avançou a oposição daquele país. “De acordo com os dados que esta defesa tem, trata-se de uma afirmação falsa”, afirmou Baltasar Garzón numa declaração escrita enviada à agência Lusa em Madrid, onde o gabinete de advogados tem o seu escritório.

A oposição venezuelana denunciou no domingo o Governo venezuelano por ter gastado 170 milhões de dólares (143 milhões de euros) na defesa do empresário Alex Saab, considerado testa-de-ferro do Presidente Nicolás Maduro, preso em Cabo Verde, e que os Estados Unidos da América (EUA) solicitam a extradição.

“A Venezuela está surpreendida porque a sua defesa custou 170 milhões de dólares ao país, que deveriam ser usados para comprar vacinas ou reparar refinarias”, acusou o opositor Marco Aurélio Quiñones, do partido Vontade Popular, na sua conta do Twitter.

O ex-juiz espanhol também recusa as acusações feitas pelos opositores ao regime de Maduro no sentido de que a “estratégia” do gabinete de advogados seja a de “vitimizar” Alex Saab.

“A estratégia legal da equipa de defesa não tem sido, em caso algum, vitimizar o Sr. Saab, como tem sido publicado em numerosos artigos nos últimos dias”, assegurou Baltasar Garzón.

A oposição venezuelana questionou “a campanha de vitimização” de Alex Saab, que segundo ela é feita pelo seu defensor, o ex-juiz da Audiência Nacional de Espanha e advogado Baltasar Garzón.

A oposição venezuelana acredita que Alex Saab será extraditado em breve para os Estados Unidos e acusou o empresário de aproveitar contratos sobrevalorizados com a venda de caixas com alimentos subsidiados pelo Estado, além de ser responsável pela operação logística e financeira da exploração ilegal do ouro venezuelano.

“Concentrámos os nossos esforços na defesa dos direitos do Sr. Saab, em destacar as irregularidades de todo o processo desde o momento da sua detenção arbitrária, assim como reconhecido pelo tribunal da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], e em tornar pública a situação extrema a que ele foi sujeito e da qual foi sem dúvida uma vítima”, sublinhou Baltasar Garzón.

O Supremo Tribunal de Justiça cabo-verdiano autorizou na passada quinta-feira a extradição para os EUA de Alex Saab, disse à Lusa fonte da defesa, que vai recorrer da decisão para o Tribunal Constitucional daquele país africano.

“Fomos hoje notificados da decisão do Supremo Tribunal de Justiça de Cabo Verde sobre o processo de extradição em curso contra o embaixador e ‘enviado especial’ Alex Saab”, explicou a defesa, numa declaração enviada à Lusa, em que refere que ainda está a “estudar” a decisão, que autoriza a extradição, rejeitando assim o recurso apresentado em janeiro.

“Entretanto, podemos afirmar que iremos interpor recurso para o Tribunal Constitucional e reafirmar a nossa confiança na libertação do embaixador Saab”, acrescentou.

Alex Saab, de 49 anos, foi detido em 12 de junho de 2020 pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando regressava de uma viagem ao Irão em representação da Venezuela, na qualidade de “enviado especial”.

Por ter ultrapassado o prazo legal de prisão preventiva, o empresário colombiano foi colocado em prisão domiciliária, também na ilha do Sal, no final de janeiro, mas sob fortes medidas de segurança.

A Venezuela diz que Alex Saab viajava com passaporte diplomático daquele país, enquanto “enviado especial”, pelo que não podia ter sido detido.

A detenção de Alex Saab colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre os regimes de Nicolás Maduro, na Venezuela, e a presidência norte-americana de Donald Trump.

Os EUA, que pedem a extradição do colombiano, acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.