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Apr 24, 2021 - 4 minute read

Uniformidade europeia é essencial

Para uma retoma turística mais eficaz, é essencial uniformizar critérios nos Estados Membros da União Europeia e criar um certificado Covid-19. Para além, naturalmente, da vacinação. Com moderação do jornalista Cesário Camacho e nota introdutória de Marco Teles, coordenador do Centro de Informação Europe Direct Madeira, o webinar ‘O Turismo e a Revitalização Económica das Regiões Ultraperiféricas’ realizou-se ontem, contando com os contributos das deputadas madeirenses ao Parlamento Europeu, Cláudia Monteiro de Aguiar e Sara Cerdas, o CEO do grupo PortoBay Hotels & Resorts, António Trindade, e o chefe da Equipa Política da Representação da Comissão Europeia em Portugal, João Faria. As quatro personalidades deixaram os seus contributos para aquilo que é necessário fazer em termos de retoma turística. Entre muitas nuances, fica a certeza da necessidade do ‘certificado covid’ pessoal, para poder viajar no espaço europeu sem estar condicionado às díspares normativas de cada país. Em segurança e com confiança.

 

Fazer da Madeira a primeira região 100% sustentável

Na sua intervenção inicial, Cláudia Aguiar Monteiro relevou que “o setor do Turismo não tem uma competência europeia, mas temos trabalhado para o colocar na agenda europeia. Se a pandemia criou já uma agenda europeia para a saúde, o que pedimos é que se olhe também para o turismo, com regulamentação e que se crie condições para que se olhe por este setor”.

Já Sara Cerdas exaltou que é “este foi um dos setores mais afetados, mas ressalvo a importância da UE, que financiou o lay-off. A médio e longo prazo temos de criar a marca Madeira e sermos a primeira região com turismo 100% sustentável, atingindo a redução em 55% em 2030 e neutralidade em 2050”.

António Trindade reivindica uma “lógica agregadora para a Madeira se possa ligar a blocos europeus, mormente a regiões ibéricas, para que possa ganhar escala, como nos nórdicos, em que três países têm a capacidade de perceber o que os afasta e o que os une e procurarem denominadores comuns”.

João Faria lembrou que a UE coloca à disposição “cerca de três mil milhões de euros de capacidade de absorção anual, que na pandemia passou para cinco mil milhões e há que gastá-lo muito bem”.

 

Com 2,5% do PIB nacional a Região tem 5% da bazuca

Em matéria de execução do Plano de Recuperação e Resiliência, Cláudia Aguiar diz que o plano português “está muito focado na administração pública e tenho dúvidas de como será feito o aproveitamento. O PRR não prevê reformas estruturais e temo que o dinheiro possa se diluir em algumas instituições.

Sara Cerdas constata que “o PRR não contempla tantas linhas como gostaríamos, mas os Estados-membros e as regiões têm de ser criativos na utilização dos fundos. Temos de revitalizar o turismo e entre o quadro plurianual e o PRR podemos ter ferramentas para dar respostas a curto e médio prazo”.

António Trindade lembra que “a Madeira representa 2,5% do PIB e da população lusa e conseguir ter uma participação de 5% na bazuca europeia foi muito bom. Apostar na digitalização será também reformular o conceito de distribuição e aproximação de mercado e depender menos dos intermediários”.

João Faria diz que “este PRR deve ser visto junto com o quadro plurianual em curso, onde falta aplicar ainda 11 mil ME. A questão é se estamos a escolher bem os públicos de competitividade. O aproveitamento do turismo para criar empresas inovadoras é ainda muito baixo”.

 

Certificado covid-19 mas sem criar discriminações

Na recuperação da confiança turística, Cláudia Aguiar diz que “quem viaja hoje e faz várias paragens em Estados-membros está sujeito a uma panóplia de procedimentos completamente díspares, que varia de país para país. Há que criar o certificado que facilite a mobilidade, mas nunca pode ser discriminatório”.

Para Sara Cerdas, “estamos a nos aproximar da época estival e é preciso implementar o certificado covid-19. Espero que seja uma realidade já em junho, criando um corredor verde nos aeroportos, mas é preciso garantir que este certificado não traga mais discriminação”.

António Trindade considera que “são tantas as disfunções existentes pelas legislações nacionais que fazem com que a imunidade de grupo seja essencial. O certificado é fundamental porque a evolução da capacidade de resposta hoteleira está dependente dessa solução”.

João Faria reitera que “a UE está a afinar instrumentos que permitam uma linguagem única e a perspetiva é que no verão estejamos todos no mesmo nível de imunidade”.