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Mar 24, 2021 - 3 minute read

União Europeia aposta nas vacinas mais caras

A Comissão Europeia tem estado a negociar intensamente no sentido de criar uma carteira diversificada de vacinas para os cidadãos da União Europeia, a preços comportáveis. Foram celebrados contratos com seis produtores de vacinas promissoras, que permitiram assegurar uma carteira de mais de 2,6 mil milhões de doses. A Comissão Europeia tem estado a negociar intensamente no sentido de criar uma carteira diversificada de vacinas para os cidadãos da União Europeia, a preços comportáveis. Foram celebrados contratos com seis produtores de vacinas promissoras, que permitiram assegurar uma carteira de mais de 2,6 mil milhões de doses.

Assim, a Europa conta com 600 milhões de doses da vacina da BioNTech e Pfizer; 460 milhões da Moderna; 405 milhões da CureVac, cuja produção está em curso, 400 milhões da AstraZeneca; 400 milhões da Johnson & Johnson/Janssen, a única de dose única, e 300 milhões da Sanofi-GSK, cuja produção também está em curso.

Apesar de todos estes números associados à quantidade de doses esperadas, anunciados regularmente, e do constante escrutínio a que estão sujeitas as diferentes vacinas concebidas para combater a covid-19, nunca são avançados os valores que diferem entre si. Ou melhor, no dia 19 de dezembro de 2020, uma governante belga cometeu a inconfidência de divulgar os preços das seis vacinas que seriam adquiridas pela União Europeia, facto que deixou as farmacêuticas insatisfeitas.

A lista divulgada revela que a vacina desenvolvida em parceria pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford é a mais barata, custando 1.78 euros a dose. A mais cara é a da norte-americana Moderna, com um preço fixado nos 14.70 euros. Ligeiramente mais barata temos a da Pfizer/BioNTech, a 12 euros a dose.

No intermédio destes valores temos a vacina da Johnson&Johnson, com um custo de 6.90 euros a dose, a Sanofi/GSK, a 7.56 euros, e a da CureVac, 10 euros a dose. São estes os valores que a União Europeia vai pagar por cada dose da vacina.

Contas feitas, dos 2.565 milhões de doses de vacinas esperadas pela União Europeia para combater a covid-19, 1.060 milhões são precisamente das duas marcas mais caras, nomeada a Pfizer e a Moderna, sendo que mais de metade do total comporta ainda a terceira indústria mais cara, a Curevac.

Apesar de a União Europeia apostar nas vacinas mais caras, nomeadamente, e por ordem decrescente, a Moderna, a Pfizer e a Curevac, em detrimento das que apresentam valores mais acessíveis, como sejam a Sonofi, e a Johnson&Johnson, e essencialmente a da AstraZeneca, a mais barata de todas e recentemente alvo de dúvidas e suspeitas que levaram à sua suspensão em vários países, este é um facto que não tem merecido comentários nem análises ao nível dos vários Estados-membros.

Ao contrário do que aconteceu com a publicação da secretária de Estado do Orçamento da Bélgica, quando publicou no Twitter a tabela com todas as informações sobre as vacinas que seriam adquiridas pela União Europeia, informação que a própria Eva De Bleeker acabou por apagar, mas não sem antes alguém conseguir um print scree, tornando os preços públicos.

Na altura, e segundo o jornal The Guardian, muitas das farmacêuticas envolvidas naquilo que foi visto como uma fuga de informação não gostaram da situação. A porta-voz da Pfizer para a região do Benelux (que abrange a Bélgica), Elisabeth Schraepen, afirmou ao diário Le Soir que “estes preços estão cobertos por uma cláusula de confidencialidade no contrato com a Comissão Europeia”.

E é precisamente esta cláusula de confidencialidade que está a vingar em tempo de pandemia, em detrimento dos cofres da União Europeia.