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Feb 11, 2021 - 3 minute read

Uma ‘Casa da Capela’ na mão de Filipa Venâncio

Uma série de nove pinturas compõe a nova exposição individual da autoria de Filipa Venâncio, que inaugura a 12 de fevereiro na Capela da Boa Viagem, situada na Zona Velha do Funchal. Designada de ‘Casa da Capela’, a exposição, que ficará patente até 2 de abril naquele espaço da zona histórica da cidade, compreende um total de nove obras em acrílico sobre tela datadas de 2020, cada uma delas com a dimensão de 40 por 50 centímetros.

As referências no pincelar das obras patentes nesta exposição percorrem elementos de várias obras cinematográficas que Filipa Venâncio optou por não desvendar antes da inauguração, até à própria Capela da Nossa Senhora da Oliveira, mais conhecida por Capela da Boa Viagem, no Funchal.

Neste projeto expositivo, “ambiências mobiladas e repletas de quadros, pianos e vasos com plantas”, provenientes de “geografias longínquas, inusitadas e improváveis pela aproximação espaciotemporal, são convocadas, num exercício de desmultiplicação de referências, para uma reconfiguração do interior da capela, na pintura”, explica Filipa Venâncio, que procurou criar um “repouso” para “peças de arte sacra deslocadas”.

O desígnio pictórico da ‘Casa da Capela’ é acompanhado de alusões arquitetónicas, fílmicas e literárias, sendo proposta a “transfiguração de um espaço religioso, que já não cumpre a sua função inicial”.

A artista plástica desvenda ainda que estes trabalhos evocam também um tratamento do espaço já ensaiado em 2009, com a sua exposição ‘Andar Modelo’, cujo título deixava antever o que podia ser observado em todas as salas do Museu de Arte Contemporânea, numa mostra que representava a transformação do interior deste espaço numa autêntica moradia.

Na ‘Casa da Capela’ mantêm-se os seus meios de eleição sob os quais desenvolve o exercício da pintura, sendo clara a junção entre a narratividade, revisitação e a ironia, e os processos combinados de apropriação e descontextualização.

Esta sexta-feira, dia de abertura, a autora estará presente no local da exposição entre as 16 e as 18 horas, sendo que a entrada no espaço é autorizada a apenas cinco pessoas em simultâneo, na sequencia das medidas de combate à covid-19. Até abril, a exposição poderá ser visitada todos os dias úteis, entre as 10 e as 16 horas.

 

Sobre a artista

A expor regularmente desde 1987, Filipa Venâncio é licenciada em Artes Plásticas/Pintura pelo Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira, em 1991. Nasceu no Funchal em 1965, sendo na capital madeirense que vive e trabalha.

Ao longo da sua carreira, participou em inúmeras exposições coletivas, e em parceria, mas privilegia projetos a solo, contando até à data com 13 exposições individuais no seu currículo artístico, que podem ser visitadas no seu site pessoal www.filipavenancio.pt.

Na pintura, recorre com frequência a projetos que problematizam uma certa ideia de espaço e de lugar, “onde a casa e as volumetrias arquitetónicas são protagonistas, através da construção de conjuntos pictóricos sequenciais, com ou sem pendor narrativo”, refere a sua biografia.

A ironia e o humor surgem aliadas ao seu território da pintura, através da revisitação, da desconstrução e da descontextualização.

A atividade enquanto pintora é conciliada com a de docente nas artes visuais desde 1988. Pertence ao quadro da Escola Secundária Francisco Franco, e desde setembro de 2019 que se encontra requisitada na Direção Regional da Cultura, desempenhando funções técnico-pedagógicas nos serviços educativos da Quinta Magnólia - Centro Cultural.