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Mar 3, 2021 - 3 minute read

Três iraquianos executados pelo estado a dois dias da visita do Papa

rês iraquianos condenados à morte por terrorismo foram hoje executados na prisão de Nassíria (sul), a dois dias da chegada do Papa ao Iraque para uma visita histórica, anunciaram autoridades locais de um dos países que mais pessoas executa. Desde que o Iraque proclamou uma vitória contra o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), no final de 2017, centenas de iraquianos foram condenados à morte por pertencerem a esta organização, que ocupou grandes áreas do país durante três anos.

As execuções são exigidas por parte da população iraquiana que sofreu sob o jugo do EI ou por causa dos ataques do grupo ‘jihadista’.

Em janeiro e fevereiro, após um raro ataque sangrento no coração de Bagdad, pelo menos oito iraquianos condenados por terrorismo foram executados na mesma prisão, em Nassíria - conhecida como “al-Hout” (a baleia, em árabe), nome explicado pelos presos com o conceito de quem ali entra só sair morto.

Em novembro de 2020, a comunidade internacional fez uma campanha para travar as execuções no Iraque, após a execução de 21 condenados, quase todos por terrorismo.

O Iraque é o quarto país do mundo que mais pessoa executa, atrás apenas da China, do Irão e da Arábia Saudita, de acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.

Fontes na presidência iraquiana, citadas pela agência de notícias francesa AFP, avançaram que, desde 2014, mais de 340 condenações por atos criminosos ou terroristas foram assinadas pelo Presidente Barham Salih e pelo seu antecessor.

Salih recebe na sexta-feira o Papa Francisco, conhecido por ser contra a pena de morte.

Na semana passada, Salih afirmou que a “histórica” visita do Papa transmitirá uma mensagem de “paz e tolerância” a todos os iraquianos.

O Iraque realizou mais de uma em cada sete execuções registadas em todo o mundo em 2019, o que significa que enforcou 100 pessoas num ano.

Para a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, existem no Iraque “violações frequentes do direito a um julgamento justo, representações legais ineficazes, demasiada confiança nas confissões e numerosas acusações de tortura e maus tratos”.

Por isso, defendeu Bachelet, a aplicação da pena de morte é sobretudo “uma privação arbitrária da vida por parte do Estado.

Desde há vários anos que tribunais iraquianos ordenam centenas de sentenças de morte e prisões perpétuas porque o Código Penal prevê a pena de morte para qualquer pessoa que se tenha juntado a “um grupo terrorista”, independentemente de ter participado em combater ou não.

Até agora, nenhum dos estrangeiros do EI condenados à morte no Iraque foi enforcado, mas 11 franceses e um belga aguardam execução.