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Mar 21, 2021 - 3 minute read

Três doentes em análise para uso de Kaftrio

Há na Madeira três doentes com fibrose quística, que estão a ser avaliados no sentido de averiguarem se o tratamento com Kaftrio é indicado para eles, apurou o JM junto do SESARAM. Visto que existem “inúmeras mutações” da doença, cada medicamento atua de diferente modo, pelo que a escolha da medicação deverá ser “muito criteriosa”, explica a mesma fonte. No total, são 11 os doentes seguidos pelo Serviço Regional de Saúde; cinco são acompanhados pelo Serviço de Pediatria e seis pela Pneumologia. De acordo com a mesma entidade, atualmente existem mais dois medicamentos moduladores no tratamento da fibrose quística, para além do Kaftrio. Relativamente ao Kallydeco (Ivacaftor), o SESARAM sublinha que o primeiro doente em Portugal a receber este tratamento foi na Madeira. “Teve muito boa resposta clínica e nestes quatro anos três meses que tem cumprido a medicação, a sua evolução clínica tem sido ‘fantástica’”, acrescenta a mesma fonte. Há um outro medicamento, o Orkambi (Ivacaftor + Lumacaftor) que, infelizmente, conforma adianta a mesma fonte, não foi bem sucedido. O SESARAM confirma que teve um doente a cumprir esta medicação, inserido num programa de acesso precoce, mas a resposta foi negativa e o doente acabou por falecer. Neste caso, a mesma entidade, salienta que se tratava de um doente em fase terminal da doença e que tinha recusado transplante pulmonar. O Kaftrio (Ivacaftor, + Lumacaftor + Elexacaftor), surgido em 2019, como algo inovador, e uma grande esperança para estes doentes, foi notícia a nível nacional, nos últimos dias, devido ao caso de Constança Braddel (na foto). A jovem lançou um apelo nas redes sociais para poder ter acesso esta medicação, devido ao facto do medicamento não estar aprovado pelo Infarmed para ser comercializado em Portugal. Depois da pressão nas redes sociais e da mediatização do caso, foi dada ‘luz verde’ para que os doentes portugueses também possam ter acesso ao Kaftrio, que já tinha aprovação da Agência Europeia do Medicamento (EMA) desde agosto do ano passado. Não é uma cura, mas pode melhorar a qualidade de vida de doentes que sofrem de fibrose quística, uma doença genética, ou seja, que nasce com a pessoa, e é hereditária. Também é uma doença rara, degenerativa e progressiva, que ataca os pulmões levando os doentes a perderem a capacidade respiratória. Catorze pedidos aprovados Constança Bradell, de 24 anos, com fibrose quística, já está a tomar o medicamento que foi também aprovado para quatro de cinco doentes do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN). O Infarmed adiantou à Lusa que aprovou 14 pedidos, entre os quais os do CHULN. Esta aprovação inclui ainda pedidos que já tinham sido recebidos dos centros hospitalares de Lisboa Central, do Porto, de São João e de Coimbra. Em Portugal existem cerca de quatro centenas de doentes com fibrose quística. Desses, 120 terão características para receber o novo medicamento. Por ano nascem cerca de 30 a 40 crianças com fibrose quística, que ainda não tem cura, apenas os tratamentos que procuram corresponder às necessidades destes doentes. O teste do pézinho, feito aos recém-nascidos, é uma das formas de diagnóstico da doença.