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Mar 1, 2021 - 2 minute read

Tolentino Mendonça: A pandemia empurra-nos para o futuro

Na cerimónia em que foi galardoado com a edição deste ano do Prémio Universidade de Coimbra, o cardeal José Tolentino Mendonça sublinhou que a pandemia empurrou a sociedade para o futuro, tornando mais clara a “centralidade do conhecimento” e a importância de se servir o bem comum. “A normalidade, pela qual tanto ansiamos, não é um lugar já conhecido a que se volta, mas uma construção nova onde nos temos de empenhar. Por distópica que possa ser, a pandemia empurra-nos para o futuro”, disse o teólogo e professor madeirense, que falava na cerimónia do 731.º aniversário da Universidade de Coimbra, que decorreu inteiramente por via digital.

No entender deste cardeal, natural de Machico, a covid-19 veio reforçar a relevância do conhecimento, tornando mais clara que “as sociedades do futuro terão de potenciar sempre mais a importância e a centralidade do conhecimento”.

“O futuro não dispensa esses laboratórios de procura, criatividade, pensamento e inovação que as universidades constituem”, disse, realçando ainda a necessidade das sociedades de se centrarem em torno da ideia de bem comum.

“A acentuação do individualismo conduziu a uma dramática fragmentação da experiência social. O ‘salve-se quem puder' ou o ‘todos contra todos', como insistentemente tem repetido o papa Francisco, não são estratégias de futuro”, apontou.

Tolentino de Mendonça mais sublinhou a necessidade de uma sociedade que consiga redescobrir a contemplação, em contraponto com os “ditames da produtividade, do controle utilitarista, do imediatismo”.

“A redescoberta da contemplação pode ser precisamente isso: uma nova consciência sistémica, compreendendo a interconexão existente entre a vida humana e a vida do planeta, que é a nossa casa comum”, referiu o cardeal.