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Mar 27, 2021 - 2 minute read

Tecnologia e diálogo para cativar jovens

As associações madeirenses espalhadas pelo mundo têm tido muitas dificuldades em ‘recrutar’ jovens lusodescendentes. As tradições madeirenses acabam em muitas ocasiões por não terem continuidade, por perderem-se no tempo, e mantêm-se – na maioria das vezes – graças à resiliência dos mais idosos. Pedro Gonçalves, jovem lusodescendente de 28 anos, é exceção e é coordenador de um grupo de folclore em São Paulo. O lusodescendente, neto de quatro madeirenses, é formado em relações internacionais e graças à família tem referências “muito boas” da Madeira. Madeira presente no dia a dia “A Madeira está presente no nosso dia a dia. Na quarta à noite fizemos macarrão da Camacha com especiarias. Nós procuramos sempre contacto com os madeirenses, é uma referência muito boa que se mantém ao ser neto de emigrantes. Estamos sempre com a cabeça um bocadinho aí convosco”, realçou. O ‘recrutamento’ de jovens lusodescendentes é um assunto delicado, mas Pedro Gonçalves acredita ser possível encontrar soluções. “Em relação às novas gerações [de descendentes] há um certo distanciamento, mas isso acontece mais em virtude do tempo atual. Vejo que muitos têm referências mas outros não. Acho que vai muito do interesse pessoal”, explicou. Segundo o jovem, “as comunidades em si são lideradas pelas pessoas mais idosas e alguns, em certos momentos, não conseguem perceber um pouco a situação atual”. “Acho que poderia ser mais aberto aos jovens e perceber um pouco do que eles gostam, entendem. Por exemplo, um canal no Youtube poderia ser feito do ponto de vista de recrutar pessoas”, aconselhou. Pedro Gonçalves considera que deve existir “um pouco de mais diálogo com a tecnologia e com as pessoas mais novas”. “A oferta deveria ser um pouco mais convidativa. A proximidade existe mas pode ser mais explorada, sobretudo nos mais jovens”, considerou. Manter tradições Pedro Gonçalves está em São Paulo e coordena o Folclore e Etnografia da Região Autónoma da Madeira, “grupo de folclore que pesquisa e resgata as tradições dos madeirenses vinculado à Casa Ilha da Madeira de São Paulo”. “Coordeno o grupo de folclore e estamos sempre em associação com a Casa Ilha da Madeira e, nesse sentido, trazemos um pouco da ilha da Madeira para quem é madeirense ou não. O perfil tem mudado um pouco, mas em geral tentamos divulgar um pouco dos que pela Madeira se interessem, seja pelo folclore ou etnografia”, concluiu o lusodescendente.