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Feb 17, 2021 - 6 minute read

Só o futebol questiona regresso das competições este ano

A hipotética retoma do desporto na Madeira, colocada em cima da mesa na passada sexta-feira, no decurso de uma reunião mantida entre o diretor regional de Desporto, David Gomes, e cerca de três dezenas de associações desportivas, deixou muita gente satisfeita, com exceção dos clubes futebol. No passado dia 1 de fevereiro, o Conselho do Governo, reunido em plenário, deliberou prorrogar as medidas de confinamento em vigor até ao dia 21 do corrente mês, e muitos agentes desportos esperam que na reunião do Executivo marcada para esta quinta-feira possam ser levantadas algumas restrições decorrentes da pandemia de covid-19, ou pelo menos indicadas datas para a retoma de competições.O futebol, sendo a modalidade que mais praticantes movimenta, e atendendo às caraterísticas da sua prática, que exige muito contato físico, implica também um investimento em termos financeiros que muitos clubes não estão dispostos a realizar para voltar competir em campeonatos que se preveem curtos e ainda marcados pela incerteza de poderem vir a ser suspensos com um eventual agravamento da pandemia.Duarte Luciano, presidente do CD 1.º Maio, é uma das vozes mais cépticas quanto ao regresso das competições de futebol ainda este ano. “Gostava que a retoma acontecesse o mais rápido possível, mas não podemos deixar de ter em conta a situação de saúde em que estão a viver”, observa o dirigente, confessando que o todos na estrutura do clube: “Estamos a aguardar orientações, mas prevejo que não vai haver nada”.“Não estou a ver os clubes pagarem inscrições e seguros para a competirem dois meses. Além disso, nota-se que vai haver uma resistência por parte dos atletas e dos pais, pois todos têm família e não as querem colocar em risco”, acrescenta, revelando que teme “que muitos atletas já não queiram continuar a praticar”.No imediato, o dirigente diz apenas estar a pensar no sentido de que venham a “existir condições a conseguir iniciar a próxima temporada”, de forma a não agravar ainda mais a situação financeira dos clubes. “Temos perdido muitas receitas, mas isto é transversal a outras atividades”, nota.É com “todas as reservas” e mais algumas que Duarte Santos, presidente do CF Andorinha, equaciona a possibilidade da retoma da competição desportiva ainda este ano. “Quem é que vai gastar alguns milhares de euros para participar em campeonatos curtos e que que correm o risco de serem suspensos a qualquer momento”, pergunta o dirigente, acrescentando que ainda falta “falar de outras despesas, como a questão dos seguros, que terminam em junho.”Nem o regresso aos treinos o dirigente considera exequível nesta altura. No caso dos atletas da formação em que são os pais que a leva-los aos treinos, Duarte Santos ainda considera que seria possível controlar os miúdos. “Mas todos os outros já não. Não há planos de contingência para prevenir contágios e não estou a ver os pais aceitarem estes riscos”, reforça.“Só competimos se a DRD (Direção Regional do Desporto) disser que temos de competir. Mas não estou a ver o Governo Regional fazer isso, uma vez que vai contra a postura que tem tido para controlar a evolução da pandemia.O líder do emblemático clube de Santo António compreende que os ‘emblemas grandes’ da Região queiram o regresso da competição, “pois têm estruturas profissionais que estão paradas há muito tempo e o regresso dos campeonatos implica a entrada de verbas”. Mas este cenário, “para os clubes pequenos, que vivem da carolice, não funciona assim”, remata. Basquetebol tem tudo prontoCom expectativa e esperança, os clubes da Madeira integrados nas competições secundárias do basquetebol nacional, aguardam pelo regresso dos jogos em abril próximo. Aliás, a Federação Portuguesa da modalidade reforçou recentemente o interesse em manter as equipas madeirenses e os respetivos campeonatos até final da temporada, mesmo que tenha de alterar entre jornadas a eliminatórias para que as competições cheguem a termo.Todos os clubes estão a trabalhar com alguma normalidade. A AD Galomar, por exemplo, que esta temporada disputa pela primeira vez a Proliga, segunda competição mais importante de basquetebol a nível nacional, aguarda com esperança pelo regresso dos jogos.“Continuamos a trabalhar, embora tivéssemos de efetuar adaptações devido ao confinamento, mas estamos a treinar no Caniçal e tudo aponta que em abril vamos voltar a competir”, confia João Freitas, lembrando que a Federação já está atenta a para a necessidade de serem feitas adaptações nas fases finais e até para alongar por mais um mês de competição. “Temos que saber esperar, pois há melhorias e isso vai possibilitar a competição o regresso à competição”, afirma.Nas competições regionais está tudo parado, desde março do ano passado. No entanto, a Associação de Basquetebol da Madeira está pronta para retomar a competição de imediato, segundo a sua presidente, Sandra Rebolo, que considera que “ainda há tempo suficiente para se realizarem as competições mais importantes do calendário regional que dão apuramento aos campeonatos nacionais”.“A temporada só termina em finais de Julho e até lá, se tudo for evoluindo bem, poderemos estar de regresso aos treinos no próximo mês. Além disso, vai haver algumas adaptações em alguns escalões de forma a que a competição possa desenrolar-se normalmente”, explica a presidente da ABM. Andebol só aguarda ‘luz verde’ Os clubes da Madeira participantes em campeonatos nacionais aguardam também pelo regresso das competições. Estas equipas, que são amadoras e que só podem competir aos fins de semana, reconhecem, contudo, que poderão sentir algumas dificuldades, por causa das disponibilidades com datas para cumprirem os jogos em atraso, os testes obrigatórios e a disponibilidade dos adversários.No caso do andebol feminino, são poucas as equipas profissionais, mas são as que têm mais atletas com profissões e estudantes. Carlos Mendonça, responsável pela modalidade no Clube Sports Madeira espera por novidades nas próximas semanas, apesar de reconhecer dificuldades para cumprir o calendário.“Os clubes do continente têm muitos jogos por disputar, mas as equipas da Madeira têm mais. Há muitas jornadas incompletas e terá de haver um acordo entre todas as equipas participantes logo que nos seja autorizado regressar à competição”, observa, mostrando-se confiante que este “problema transversal vai ser ultrapassado com a colaboração de todos os intervenientes.No caso das competições regionais de andebol, todos aguardam também com alguma ansiedade pelo regresso das competições. Mas enquanto não surgirem ordens superiores, as equipas sabem que não podem treinar.“Temos de aguardar e quando tudo começar, temos de dar algum tempo de preparação. As equipas estão disponíveis, mas há que esperar. Se começarmos em Abril estamos ainda a tempo de realizar o campeonato da Madeira, a competição mais importante do nosso calendário. Mas como a situação está a evoluir favoravelmente há essa possibilidade”, admite o coordenador técnico da Associação de Andebol, Duarte Freitas.