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Mar 14, 2021 - 4 minute read

Síria: 10 anos de uma tragédia em números

Dez anos de guerra na Síria abalaram a vida de milhões de pessoas, danificaram a economia e destruíram infraestruturas vitais em todo o país. Os números ilustram por si só a escala da tragédia.

 Custo humano 

Mais de 387.000: número de mortos desde o início da guerra, desencadeada em março de 2011 pela repressão sangrenta de manifestações pró-democracia, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A UNICEF calcula que mais 10.000 crianças morreram ou foram feridas durante os 10 anos da guerra.

5,6 milhões: número de refugiados no estrangeiro, principalmente nos países vizinhos (Turquia, Líbano e Jordânia), segundo a agência da ONU para os refugiados. Mais de um milhão são crianças sírias nascidas no exílio.

6,7 milhões: deslocados no interior do país, de acordo com a ONU. Muitos vivem em campos. Daquele total, 70% estão deslocados há mais de cinco anos e quase 25% tiveram de deixar tudo para trás pelo menos quatro vezes na vida, segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR).

2,4 milhões de pessoas em média deslocaram-se dentro ou para fora do país em cada um dos 10 anos de guerra, indica um relatório do CNR, que refere que em 2020 por cada pessoa que conseguiu voltar a casa, quase quatro foram forçadas a sair.

Cerca de 100.000: prisioneiros mortos sob tortura nas prisões do regime, segundo o OSDH. À volta de 100.000 pessoas continuam detidas e cerca de 200.000 estão desaparecidas.

Oito anos e seis meses: desde o desaparecimento do jornalista norte-americano Austin Tice, a 14 de agosto de 2012.

Oito anos e três meses: desde que o jornalista britânico John Cantlie foi raptado pelo grupo extremista Estado Islâmico a 22 de novembro de 2012.

38: número de ataques com armas químicas, segundo a ONU, dos quais 32 são atribuídos ao regime. Um dos ataques causou 1.400 mortos em 2013.

Desde a eclosão do conflito em 2011, uma média de 2,4 milhões de pessoas deslocaram-se dentro ou para fora do país árabe a cada ano.

Em 2020, para cada pessoa que conseguiu voltar para casa, quase quatro foram forçadas a sair.

 

País fragmentado 

Um pouco mais de 20 milhões de pessoas vivem hoje na Síria, segundo uma estimativa do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).

Cerca de 13,4 milhões estarão nas zonas dominadas pelo regime, que controla perto de dois terços do território.

À volta de 2,9 milhões vivem na região de Idlib, o último grande bastião dos grupos terroristas e rebeldes no Noroeste, incluindo 1,3 milhões de deslocados instalados em mais de um milhar de campos informais.

Cerca de 2,6 milhões de pessoas vivem nos territórios curdos, no Nordeste e no Leste. À volta de 1,3 milhões estão em setores no norte da Síria, na fronteira com a Turquia, sob controlo das forças turcas e dos seus apoiantes sírios.

 

Economia devastada

Cerca de 13,4 milhões de pessoas na Síria precisam de ajuda humanitária para viver, calcula a ONU.

O Programa Alimentar Mundial estima que 12,4 milhões vivem numa situação de insegurança alimentar.

Mais de 60% das crianças na Síria arriscam a fome, segundo a organização não-governamental (ONG) Save the Children.

O custo económico de 10 anos de guerra foi avaliado em 1.200 mil milhões de dólares (1.008 mil milhões de euros) num relatório recente da ONG World Vision.

A queda nas receitas de hidrocarbonetos durante a guerra foi estimada em 91,5 mil milhões de dólares (76,8 mil milhões de euros) pelo ministro do Petróleo e Recursos Naturais da Síria, em fevereiro.

Suleiman al-Abbas indicou que o nível de produção antes da guerra era de 400 barris/dia e que em 2020 foi de 89 barris/dia, dos quais 80 nas regiões curdas.

Em 10 anos de guerra, a libra síria desvalorizou 98% em relação ao dólar no mercado negro.

Os preços dos géneros alimentares são 33 vezes mais altos hoje em relação à média dos cinco últimos anos pré-guerra, segundo a ONU. O preço do pão subsidiado aumentou seis vezes nas zonas do regime em comparação com 2011.

 

 Infraestruturas em ruína

Um terço das escolas foram destruídas ou requisitadas por combatentes, segundo a ONU, e apenas 58% dos hospitais do país estão “totalmente operacionais”. Cerca de 70% do pessoal de saúde fugiu do país.

Mais de 2,4 milhões de crianças não vão à escola na Síria, segundo a UNICEF.

Cerca de 70% das subestações da rede elétrica e da sua rede de distribuição de combustível estão fora de serviço, de acordo com o Ministério da Energia sírio, em 2019.