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Feb 18, 2021 - 4 minute read

Rui Rio garante que não está “agarrado ao lugar”

O presidente do PSD, Rui Rio, afirmou hoje que assumirá a responsabilidade pelo resultado das autárquicas, sem apontar “um número mágico” de câmaras a vencer, e garantiu que não está “agarrado ao lugar”. Em entrevista à rádio Observador, Rio, que completa hoje três anos como presidente do PSD, acusou o atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, de não ser “uma pessoa confiável e ter “interesses imobiliários” na cidade incompatíveis com a função, e criticou duramente o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, de quem disse ter sido “o principal responsável” pela “desgraça” do resultado das eleições locais de 2017, em que foi o coordenador autárquico.

Questionado em concreto como via a possibilidade de o eurodeputado Paulo Rangel estar a preparar uma candidatura à liderança do PSD - e por isso ter recusado disputar a Câmara do Porto -, Rio disse querer deixar uma mensagem “geral”, afirmando não estar a dirigir-se em concreto ao antigo líder parlamentar do PSD.

“As pessoas que olham para mim há muitos anos escusam de preparar o que quer que seja a seguir às autárquicas. Eu sei assumir as minhas responsabilidades. Se eu vir que correu mal, fico aqui a fazer o quê?”, questionou.

No entanto, o presidente do PSD recusou apontar um “número mágico” de câmaras que o partido terá de ganhar para considerar que teve um bom resultado, salientando que tal dependerá também da importância das câmaras que ganhar ou perder.

“Quero chegar a outubro (ou dezembro) e dezembro e ter mais presidentes de câmara e acima de tudo muitos mais eleitos, foi aí que levámos uma tareia e isso é o mais importante para o partido”, afirmou.

Sobre nomes concretos, o presidente do PSD não se comprometeu com nenhum (só a partir de 01 de março vão começar a ser anunciados), mas admitiu que o deputado e médico Ricardo Baptista Leite “encaixa bem” no perfil que se pretende para Lisboa, mas que “há outros” que também considera enquadrar-se, como Filipa Roseta, afastando a possibilidade de o cabeça de lista poder ser do CDS-PP, caso avance uma coligação com este partido na capital.

Para o Porto, Rio foi questionado sobre a possibilidade de o candidato do PSD ser Vladimiro Feliz, seu antigo vice-presidente nessa autarquia, hipótese que não afastou, mas dizendo “ser suspeito” na sua avaliação por só poder “dizer bem” do seu nome.

Pelo contrário, Rui Rio foi muito crítico em relação a Rui Moreira, afastando completamente a possibilidade de o PSD poder vir a apoiar a sua candidatura, até depois de ter sido noticiado pelo Expresso um jantar que envolveu dirigentes sociais-democratas.

“É alguém que tem um jantar, que é privado, que o mete em público e com uma mentira com o que lá se passou, que tinha sido convidado para ser candidato pelo PSD. Não é uma pessoa confiável”, considerou.

Segundo Rio, Rui Moreira propôs aos sociais-democratas que não apresentassem candidato no Porto e integrar na sua lista pessoas do PSD, o que foi recusado pelo partido.

Já em relação ao Chega, Rio voltou a excluir qualquer coligação pré-eleitoral, mas disse nada poder fazer se, após as eleições, algum eleito do PSD decidir fazer acordos com o partido liderado por André Ventura.

“Poderei aconselhar que não, mas não tenho poder nenhum, as pessoas depois de eleitas fazem como querem, vale p mim e demais partidos”, disse.

Sobre a intenção anunciada pelo PS de apresentar um projeto de alteração à lei eleitoral para as autarquias no sentido de corrigir as condições para a apresentação de candidaturas independentes, Rio lamentou a atitude geral - “o PS à mínima contestação recua” -, mas não afastou a possibilidade ajustes a este diploma em concreto.

“Tenho de entender as críticas que estão em causa por parte dos independentes. Se forem justas, então acho que se tem de olhar, se não forem justas não”, disse.