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Apr 27, 2021 - 3 minute read

Ramaphosa diz que corrupção e incompetência travam desenvolvimento em democracia

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa considerou hoje a corrupção e a incompetência no Governo sul-africano entre os principais obstáculos ao desenvolvimento do país após 27 anos de democracia. “Não pode ser que, em 27 anos de democracia, o nosso povo esteja a ser privado até mesmo dos serviços mais básicos, como água e saneamento, por causa de um planeamento inadequado, incompetência, má gestão ou corrupção”, declarou Ramaphosa.

No seu discurso alusivo ao Dia da Liberdade, que assinala hoje a realização das primeiras eleições multirraciais e democráticas, em 27 de abril de 1994, em que a maioria negra votou pela primeira vez no país, o chefe de Estado referiu que o acesso à habitação, educação e cuidados de saúde “decentes” está a ser afetado “por responsáveis encarregados pela prestação de serviços públicos que não se importam o suficiente”.

“Temos uma Constituição que é um escudo e uma proteção para todos”, sublinhou o Presidente, acrescentando que a África do Sul fez “grande progressos” na realização dos direitos da maioria negra “a uma vida melhor” e na “promoção da dignidade humana”.

 

“No entanto, mesmo vivendo num país democrático nos últimos 27 anos, sabemos que em muitas zonas da África do Sul, a promessa de 1994 ainda não foi cumprida”, adiantou Ramaphosa, salientando que “milhões de sul-africanos ainda vivem em condições de pobreza e privação”.

O Presidente Ramaphosa, que também é presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul desde 1994, referiu que após cerca de três décadas de governação pelo partido de maioria negra “o legado do ‘apartheid’ continua a ser uma característica definidora” do país.

“Mesmo depois de quase três décadas, o ‘apartheid’ persiste de várias formas para determinar onde as pessoas vão morar, que bens possuem, que escolaridade recebem, que empregos podem fazer e como se sentem seguras”, frisou.

Todavia, Ramaphosa sublinhou: “Ao celebrarmos este Dia da Liberdade, podemos destacar o grande progresso que fizemos no combate ao legado do ‘apartheid’ - desde o fornecimento de água e eletricidade a milhões de pessoas, à abertura das portas do ensino aos filhos dos pobres, à prestação de cuidados de saúde, para tirar milhões de pessoas da pobreza”.

O Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da África do Sul, anunciou a sua ausência das comemorações do Dia da Liberdade, afirmando que “há muito pouco para a classe trabalhadora” do país comemorar.

“O Governo do ANC tem sido um fracasso total ao enfrentar o desafio mais importante que o nosso país enfrenta, ou seja, o desemprego, a pobreza e a desigualdade, e isso acontecia antes de a covid-19 chegar ao nosso país”, considerou em comunicado o secretário-geral do movimento sindicalista Irvin Jim.

O sindicalista acrescentou que “o ANC traiu a sua missão histórica para atender às demandas das fações neoliberais do capital”.

A Federação Sul-africana de Sindicatos, que também não participou nas celebrações, disse que os sul-africanos “não têm nada para comemorar no Dia da Liberdade”, porque os “pobres que dependem do Governo ainda são presos e assassinados durante protestos”, pelas forças policiais, criticando “o despedimento de mais de um milhão de trabalhadores no ano passado”.