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Feb 26, 2021 - 3 minute read

PRR: Chaves lamenta falta de projetos que corrijam assimetrias no interior

O presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, lamentou hoje que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) do Governo não identifique de forma expressa projetos relevantes que corrijam as assimetrias entre o interior e o litoral. “Era fundamental que o PRR pudesse sinalizar, nos territórios do interior, alguns projetos relevantes, para que efetivamente nos pudessemos ter instrumentos para superar os efeitos nefastos da pandemia de covid-19, mas também para proceder à correção das assimetrias”, destacou à agência Lusa o autarca de Chaves, no distrito de Vila Real.

 

Nuno Vaz identificou, como projetos relevantes, a correção das limitações no acesso à Internet, como o reforço da rede 5G ou fibra ótica, ou ainda a melhoria potência elétrica à disposição, importante para a atração de empresas.

 

“Quem normalmente tem mais dificuldades são os ficam para trás e não é aceitável que este PRR deixe territórios para trás. Percebe-se que, mais uma vez, os territórios do interior vão ficar esquecidos. Espero que isso ainda possa ser revertido”, salientou o socialista.

 

O autarca defendeu ainda que o PRR deve identificar, em regiões específicas do interior, investimentos na área do conhecimento e investigação.

 

“Devemos apostar em instrumentos que verdadeiramente possam ser relevantes para a mudança de paradigma e para evitar a perda que o interior tem tido, seja de atividades económicas seja de população”, frisou.

 

De acordo com Nuno Vaz, o PPR deve incluir “políticas demográficas” e ser complementar ao Portugal 2030 [o novo programa de financiamento europeu] para que se atinja “um país mais equilibrado e coeso”.

 

O presidente da Câmara de Chaves vê o PRR com uma “vocação muito centralizadora” e sem “visão territorializada”.

 

“Não se discute a necessidade de serem feitos fortes investimentos em áreas críticas a nível nacional, que possam dar outra competitividade ao país na Europa, como a ferrovia ou aviação. Mas é importante que este PRR tenha pacotes muito robustos de dotação financeira mais específicos para as zonas de interior”, apontou.

 

Nuno Vaz teme ainda que, “mais uma vez, o dinheiro seja consumido em 90 ou 100% nas zonas mais competitivas e que já estão à frente das zonas do interior”.

 

“[As zonas do interior] precisam de um apoio e contributo decisivo para que não seja mais um momento de desalento e descrédito para esta gente de trabalho e determinada tem sentido”, alertou.

 

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

 

Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou hoje a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em consulta pública, no qual estipula “19 componentes, que integram por sua vez 36 reformas e 77 investimentos”.

 

O executivo justifica que, “com base no diagnóstico de necessidades e dos desafios”, foram definidas três “dimensões estruturantes” de aposta - a da resiliência, da transição climática e da transição digital -, às quais serão alocados 13,9 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido das verbas europeias pós-crise.

 

No documento, estão também previstos 2,7 mil milhões de euros em empréstimos, mas fonte do executivo garante que “ainda não está assegurado” que Portugal irá recorrer a esta vertente do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, o principal instrumento do novo Fundo de Recuperação da União Europeia.

 

Previsto está que a maior fatia (61%) das verbas do PRR se destine à área da resiliência, num total de 8,5 mil milhões de euros em subvenções e de 2,4 mil milhões de euros em empréstimos.