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Mar 25, 2021 - 3 minute read

Preços e falta de clientes derrubam Alojamento Local

Entre os serviços de alojamento turístico, o alojamento local (AL) é o que regista o menor movimento de hóspedes. Ao contrário da hotelaria, este segmento conta pouco com o mercado interno para driblar as baixas taxas de ocupação e vive atualmente dias difíceis. Esta realidade, constatada ao JM-Madeira por alguns empresários do setor, é espelhada pelos últimos indicadores estatísticos conhecidos. De acordo com os dados divulgados este mês e referentes a janeiro, a hotelaria continua a apresentar a maior percentagem de estabelecimentos do seu segmento com movimento de hóspedes (58,8%), seguida do turismo no espaço rural, com 50,0%, e do alojamento local, com 42,5%. No Caniço, a empresa de Cecília Lewington – a AYS – tem recorrido ao arrendamento de curto prazo para colmatar a falta de clientes AL. “A conjuntura não está fácil. Tem havido muitos cancelamentos. Há muita incerteza, muitas restrições para as viagens no espaço europeu e o mercado interno é residual para nós, mesmo na Páscoa não é suficiente”, justifica a empresária que faz também a gestão de 35 propriedades, atualmente com uma taxa de ocupação na ordem dos 20%. Cecília Lewington admite que algumas casas localizadas em zonas rurais estão a ter melhores desempenhos. No caso da sua empresa, os apartamentos localizam-se no Caniço e aguardam por dias melhores. Para além da falta de clientes, o alojamento local debate-se com a prática de preços anormalmente baixos, que, queixam-se os empresários, prejudicam severamente o setor. Os valores divulgados pela Direção Regional de Estatística para o mês de janeiro de 2021 revelam indicadores significativamente baixos na receita por quarto disponível (RevPAR), que rondou os 10,32 euros no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), -67,3% do que no mesmo mês do ano precedente. Mesmo a hotelaria evidenciou um decréscimo de 68,5%, com um RevPAR de 10,71 euros. “Os preços continuam a descer muito e isso tem afetado todo o mercado do alojamento. Com alguns dos preços que estão a ser praticados, não compreendo como conseguem pagar as despesas e os funcionários”, atesta Ângelo Lopes, da Madeira Luxury Villas. A gerir 30 apartamentos no Funchal, Ângelo Lopes diz estar com uma taxa de ocupação zero no momento, tendo sido obrigado a despedir sete funcionários. O arrendamento só não é opção porque o empresário tem esperança de vir a conseguir recuperar os trabalhadores. Neste cenário negro, também existem exceções. É o caso de Heliodoro Rodrigues. “Neste momento, vamos de vento em popa. A taxa de ocupação em algumas villas com piscina anda nos 80%”, afiança o porta-voz da MHM, que gere à volta de 85 propriedades, entre moradias e apartamentos, em várias localidades da Região. Entre elas, na Ribeira Brava, Funchal, São Jorge e Calheta. Para estes números, pouco contam os madeirenses. São sobretudo franceses, alemães e britânicos que ocupam as residências MHM nesta altura. “Nós só sentimos necessidade de descer preços nos apartamentos, mas dentro de valores razoáveis. Felizmente, as coisas estão a correr bem”, assegura Heliodoro Rodrigues.