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Apr 29, 2021 - 5 minute read

Prémio Oceanos 2021 tem 1835 obras inscritas e faz mapeamento de literatura em português

A edição de 2021 do Prémio de Literatura em Língua Portuguesa Oceanos - que em 2017 atribuiu o primeiro lugar à escritora madeirense Ana Teresa Pereira, autora de ‘Karen’ - tem1.835 livros inscritos, informaram hoje os organizadores do concurso literário criado no Brasil. Num comunicado distribuído aos meios de comunicação, os organizadores frisaram que o resultado da etapa inicial de inscrição das obras apresentou a maior diversidade de nacionalidades de todas as edições e indica que o mercado editorial enfrentou com criatividade os desafios impostos pela pandemia de covid-19.

Neste contexto, a edição 2021 do Prémio Oceanos também fará o primeiro mapeamento das literaturas em língua portuguesa.

Ao todo, o Prémio Oceanos recebeu 1.835 obras publicadas em 10 países - Alemanha, Angola, Áustria, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos, Moçambique, Portugal e Reino Unido - de um total de 337 editoras de Angola, Brasil, Cabo Verde, Estados Unidos, França, Moçambique e Portugal, com um “aumento considerável do número de edições de autor”.

As listas completas das obras concorrentes e dos membros do júri da primeira etapa ficam disponíveis na página do Oceanos a partir da segunda-feira, dia 3 de maio.

Segundo os organizadores, um dado significativo desta edição foi o aumento, em mais de 100% em relação ao ano passado, do número de edições de autor, representando 18,6% do total das inscrições.

“A ascensão das plataformas de ‘autopublicação’ de livros, nas quais é possível fazer a publicação por ‘pedido’, como a Kindle Direct Publishing (KDP), da Amazon, e o Clube de Autores, aliada às vendas em plataformas de ‘e-commerce’, explicam parte deste facto. A carência de atividades sociais durante a pandemia pode também ter contribuído para o aumento da ‘autopublicação’ e das vendas de livros por ‘delivery’”, lê-se no comunicado.

O Oceanos 2021 também apresentou a maior diversidade de nacionalidades de todas as edições com autores de Alemanha, Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, China, Espanha, França, Haiti, Índia, Itália, Moçambique, Peru, Portugal, Rússia, Suíça, Timor-Leste e Venezuela, todos escrevendo e publicando originalmente em língua portuguesa.

“É importante constatar, por meio do recorde dessas inscrições, que a arte e a cultura e, em especial, os livros e a literatura deram sua resposta, ao oferecer um poderoso espaço de acolhimento durante a pandemia que estamos vivendo”, frisou o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, uma das instituições que patrocinam o prémio.

“Isso também demonstra a importância de que a sociedade, os editores e escritores, empresas e governos, fiquem ainda mais juntos para que a produção literária possa estar cada vez mais perto da população, inclusive com preços mais acessíveis”, acrescentou.

Além do processo de seleção das obras que serão premiadas, o Oceanos 2021 também fará o primeiro mapeamento das literaturas em língua portuguesa.

Resultado de uma parceria entre o Instituto Cultural Vale e o Itaú Cultural, a partir deste ano, o mapeamento inédito das literaturas em língua portuguesa deverá ampliar o conhecimento da complexidade e da diversidade da produção literária dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Os organizadores explicaram que, na primeira etapa, 32 professores de literatura – dentre o total de 95 jurados que avaliam as obras inscritas ao prémio Oceanos –, serão responsáveis por fazer uma cartografia da produção literária de 2020, a partir de aspetos temáticos e estéticos do conjunto das 1.835 obras inscritas.

Na etapa seguinte, os dados obtidos serão coligidos e tratados por especialistas. O resultado será compartilhado entre atores das cadeias cultural, editorial e livreira, como institutos culturais, universidades, editoras, livreiros e órgãos oficiais dos países da CPLP.

“O objetivo principal do Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa é construir um acervo não só bibliográfico, mas também documental, de utilidade pública, que possa gerar conteúdo para instituições culturais, públicas e privadas, e usuários em geral”, frisaram os organizadores do Oceanos.

O mapeamento tem também como objetivo fomentar pesquisas, estudos e políticas culturais que contribuam para uma maior compreensão das proximidades e dos distanciamentos entre as diversas literaturas em língua portuguesa, no contexto atual.

Em relação ao prémio, o seu processo de avaliação será realizado em três etapas.

Na primeira, o júri de avaliação elege as 50 obras semifinalistas entre os concorrentes e escolhe, por votação, os membros dos júris subsequentes (etapa intermediário e final).

Na segunda etapa, o júri intermediário selecionará 10 finalistas entre os 50 semifinalistas eleitos pelo júri anterior.

Por fim, na terceira etapa, o júri final definirá os três vencedores entre os 10 finalistas.

Todos os livros inscritos concorrem entre si, independentemente do género literário. O conjunto dos três prémios envolve um valor global de 250 mil reais (38,5 mil euros, no câmbio atual): 120 mil reais (18,4 mil euros), para o primeiro colocado; 80 mil reais (12, 3 mil euros), para o segundo; e 50 mil reais (7.7 mil euros), para o terceiro.

A curadoria desta edição é formada pela linguista Adelaide Monteiro, de Cabo Verde, a escritora e jornalista Isabel Lucas, de Portugal, e o jornalista Manuel da Costa Pinto, do Brasil, com coordenação da gestora cultural Selma Caetano.

Além do patrocínio do Banco Itaú e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), de Portugal, o Oceanos 2021 passa a contar com a parceria do Instituto Cultural Vale.

O prémio continua, neste ano, com o apoio do Itaú Cultural, responsável pela gestão do projeto, e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, com o apoio institucional da CPLP.