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Feb 23, 2021 - 7 minute read

Portugal andou entre o 8 e o 80 na luta contra a pandemia

Por Alberto Pita Dentro de uma semana completa um ano que o nosso País enfrenta a pandemia da covid-19. Portugal começou como um caso exemplar, passou para um assim-assim na segunda vaga e tornou-se o pior caso já no início deste ano. Uma luta que foi do 8 ao 80 e que continua longe de terminar. Recordamos hoje as principais datas desta realidade que alterou por completo o modo de vida coletivo.2 de marçoApesar de os dois primeiros casos de covid-19 terem sido reportados pela ministra da Saúde, Marta Temido, a 2 de março de 2020, hoje sabe-se que o novo coronavírus entrou em território nacional a 21 de fevereiro, trazido por um homem de Nogueira, concelho de Lousada, que ficou infetado numa feira de calçado, em Milão, Itália. 3 de marçoLogo no dia seguinte à notícia do primeiro caso, passam a ser divulgados boletins epidemiológicos diários em Portugal sobre a evolução do vírus SARS-CoV-2. No primeiro boletim, surgiram quatro casos confirmados.Eram todos do sexo masculino, sendo dois importados - um proveniente de Itália e outro de Espanha - e dois contactos locais. Dois dos doentes residiam no Porto, um em Lisboa e o outro em Coimbra, e apresentavam febre (2), dores musculares (2), dores de cabeça (1) e fraqueza generalizada (1). Nesse dia, havia no planeta 90.663 casos confirmados, dos quais 3.043 tinham falecido. 4 de marçoCom a economia já a ressentir-se perante os comportamentos preventivos dos portugueses, o primeiro-ministro anuncia uma linha de crédito para apoio de tesouraria a empresas afetadas pelo impacto económico do novo coronavírus no valor inicial de 100 milhões de euros. No dia seguinte, a TAP anuncia o cancelamento de mais de mil voos até abril.8 de marçoSurge a primeira suspeita de que o Presidente da República poderia estar contaminado pelo novo coronavírus. Contudo, a suspeita não viria a confirmar-se. Por esta altura, já os cancelamentos e adiamentos de iniciativas relacionadas com desporto e cultura sucedem-se.11 de marçoA Organização Mundial de Saúde decreta o surto como pandemia mundial. Em Portugal, os tribunais de 1.ª instância passam a realizar apenas atos processuais e diligências relacionadas com direitos fundamentais.
No dia seguinte, o Governo decide encerrar as escolas até ao fim das férias da Páscoa. São também encerradas discotecas, é reduzida a lotação máxima dos restaurantes, em centros comerciais e serviços públicos. É proibido o desembarque de passageiros de cruzeiros no país. As competições nacionais de futebol são suspensas. 13 de marçoOs funcionários públicos são instados a ficar em casa em regime de teletrabalho. As missas, catequeses e outros atos de culto são suspensos. Os Açores entram em estado de alerta. No dia seguinte, o Governo decreta que os bares vão ter de encerrar a partir das 21h00, todos os dias.15 de marçoO Governo proíbe o consumo de bebidas alcoólicas na via pública e a realização de eventos com mais de 100 pessoas.16 de marçoRegista-se a primeira morte por covid-19 no País, um homem de 80 anos que tinha várias patologias associadas. As ligações com Espanha são cortadas. Um dia depois, o vírus chega oficialmente a todas as regiões. Em Ovar é criada a primeira “quarentena geográfica”. São fechados todos os estabelecimentos do concelho do distrito e passa a ser limitada a movimentação de pessoas no território. As ligações aéreas com países de fora da UE são suspensas. 17 de marçoMadeira regista primeiro caso de covid-19.18 de marçoDecretado o primeiro estado de emergência da democracia portuguesa, que contempla o confinamento obrigatório e restrições à circulação na via pública. A desobediência é crime e pode levar à prisão. São anunciadas linhas de crédito para apoio à tesouraria das empresas de 3.000 milhões de euros. A regra passa a ser os estabelecimentos com atendimento público devem encerrar e o teletrabalho é generalizado. Este primeiro confinamento dura até maio. Até hoje, já houve 11 declarações de estado de emergência no País devido à pandemia.21 de março Surgem os primeiros infetados em lares de terceira idade no País. 26 de março2 de abril20 de abril24 de abril 25 abrilREABERTURA DO PAÍS30 abrilCom a situação da pandemia mais controlada, o Governo cria plano para mudar de estado de emergência para situação de calamidade. Nos dias seguintes abrem bibliotecas, arquivos, museus, galerias e monumentos. Contudo, mantém-se o teletrabalho. 1 maioCentenas de pessoas juntam-se em Lisboa para assinalar o Dia do Trabalhador. Contudo, mantêm distância entre si e usam máscaras. Portugal ultrapassa a barreira dos mil mortos. A partir do início de maio, os transportes públicos passam a circular com dois terços da capacidade. O uso de máscara passa a ser exigido nos espaços fechados. Ajuntamentos de mais de 10 pessoas não são permitidos. Dois dias depois, o País entra oficialmente em situação de calamidade e é feito o levantamento de medidas de confinamento. 18 de maioAbertura de restaurantes e cafés e início das aulas presenciais no 11º e 12º anos. As creches podem também abrir. Na Madeira, é anunciado que a cerca sanitária em Câmara de Lobos será levantada. 6 maioA Comissão Europeia estima para Portugal uma recessão de 6,8% e uma subida da taxa de desemprego para 9,7% em 2020. 12 de maioOs profissionais de saúde Os pedidos das empresas a linhas de apoio lançadas pelo Governo chegam a 10,5 mil milhões de euros. Um dia depois, a Ryanair e Transavia anunciam datas para recomeçar voos que incluem Portugal. Teatros, salas de espetáculos e cinemas vão poder reabrir. 27 de maioA Comissão Europeia apresenta um plano de recuperação da economia europeia de 750 mil milhões de euros. Portugal aplaude. A Madeira deverá receber quase 700 milhões de euros dessa verba. O País desconfina mais, a terceira fase, mas Lisboa fica para trás, dado o número elevado de casos que regista. 1 de junhoAviões deixam de ter lotação de passageiros reduzida, mas é obrigatório o uso de máscara. Dá-se o fim do dever cívico de recolhimento. É retomada a utilização da capacidade normal dos restaurantes, mas com separações entre mesas. O teletrabalho deixa de ser obrigatório e os ginásios podem reabrir.3 de junhoA Liga Portuguesa de Futebol, suspensa desde 12 de março, está de regresso, porém, os jogos são à porta fechada. São retomados os julgamentos presenciais.1 de julhoA generalidade do País saiu do estado de calamidade e passou para estado de contingência. A exceção é a região de Lisboa: 19 freguesias de cinco concelhos da capital.30 de julhoSegunda vaga em 2020O verão foi relativamente tranquilo até que chegou o outono e com a nova estação a segunda vaga, que só terminou no início de dezembro.15 de outubroDepois de os casos positivos voltarem a subir, Portugal regressa ao estado de calamidade. O governo opta por um confinamento suave. Assim, os espaços comerciais e restaurantes mantêm-se abertos mas não podem estar mais de cinco pessoas juntas, os casamentos e batizados estão limitados a 50 convidados; nos estabelecimentos de ensino ficam proibidas festas e outros eventos que não tenham a ver com as aulas. O governo endurece as regras sobre os incumpridores e eleva o valor das multas para um tecto máximo de dez mil euros.Uso de máscara passa a ser “vivamente recomendado" na rua quando se justificar. O governo pretende fazer o mesmo com a aplicação Stayaway Covid, mas a enorme polémica gerada, perante o risco de haver acesso a conteúdo pessoal, leva-o a desistir da ideia. 26 de outubroGoverno decreta a obrigatoriedade do uso de máscara na rua e em locais públicos.9 de novembroEstá de regresso ao país o estado de emergência, mas desta vez de “âmbito muito limitado”.25 de novembro27 de dezembroTerceira vaga em 2021A terceira vaga chegou no final de dezembro de 2020 e foi, de longe, a mais grave de todas, colocando a resposta do País à beira do limite, perante as mais de três centenas de mortes diárias registadas em vários dias de janeiro de 2021.A pressão sobre os hospitais era cada vez maior, havendo a necessidade de acionar todos os sistemas - público, privado, social e das Forças Armadas - para responder à quantidade de doentes que chegava aos hospitais.Ainda assim, a capacidade nacional revelou-se insuficiente. Portugal aceitou ajuda estrangeira. A Madeira recebeu três doentes do continente.Por esta altura, dezenas de ambulâncias faziam filas à porta das urgências, sem capacidade para acolher mais doentes. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, chegou a ter mais de 40 ambulâncias ao mesmo tempo. 15 de janeiroNovo estado de emergência traz mais um confinamento geral com medidas muito semelhantes ao regime que ocorreu em março e abril. A regra é de recolhimento domiciliário. Apenas as escolas mantêm-se abertas.22 de janeiroGoverno recua e decide encerrar também as escolas.25 de janeiro22 de fevereiroPortugal desceu na última semana 21 posições na lista de países e territórios em pior situação na média de novos casos diários de contágio pelo novo coronavírus por milhão de habitantes, passando para 41.º, segundo o ‘site’ ourworldindata.