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Apr 6, 2021 - 3 minute read

PCP denuncia listas de espera para uma cirurgia piores que em 2016

O PCP esteve hoje junto ao Hospital Nélio Mendonça para “valorizar o papel decisivo dos profissionais de saúde na Região” e “o papel determinante do Serviço Regional de Saúde, no garantir o direito constitucional à saúde, mas também para denunciar os problemas que afectam profissionais e utentes do SESARAM”. Na iniciativa, o deputado Ricardo Lume disse que, “quando se provou e é reconhecido o papel insubstituível do Serviço Regional de Saúde na resposta ao surto epidémico provocado pelo covid-19 e se comprovou que é a única resposta capaz de garantir o direito à saúde, o momento que vivemos é decisivo para o futuro”.

Referiu que “dois caminhos estão em decisão nos próximos tempos”, nomeadamente “a defesa e reforço do SRS para garantir em pleno o direito à saúde ou o definhamento do SRS e das suas estruturas, canalizando os fundos públicos do seu financiamento para engrossar os lucros e o poder dos grupos do sector privado da saúde, promovendo o negócio da doença, destruindo de facto o SRS, como serviço regional de saúde, e pondo em causa o direito à saúde”.

“A opção tem de ser feita e sem ambiguidades pelo reforço do SRS”, apontou.

Disse também que os problemas de saúde dos madeirenses e porto-santenses que existiam antes da pandemia continuam a existir e em muitos casos estão mais agravados. “De entre estes problemas, existem situações gritantes de injustiça, correspondentes na prática à negação do direito de acesso a cuidados de saúde, e que são inaceitáveis”, afirmou.

“Muitos utentes do Serviço Regional de Saúde que tinham atos médicos marcados estão a ver consecutivamente esses atos adiados, a pretexto do agravamento do surto epidemiológico covid-19. Não é aceitável que existam utentes do SESARAM que, desde o início da pandemia, continuam a esperar e a desesperar pela marcação de uma consulta com o seu médico de família ou por uma consulta de especialidade. Não é admissível que um utente que esperou mais de um ano para ver marcada a sua consulta para o início de janeiro de 2021, veja a mesma cancelada. Não é tolerável que utentes que tinham já marcadas consulta presencial de cardiologia, oncologia e diabetes, patologias que requerem especial atenção, tenham visto as suas consultas passarem a teleconsulta que em muitos casos não chegam a 2 minutos. Não é concebível que milhares de madeirenses e porto-santenses, que deveriam de ter acesso ao Serviço Regional de Saúde, sejam empurrados para o sector privado da saúde para garantir lucros a quem faz da doença um negócio”, denunciou.

Ricardo Lume disse também que as listas de espera para uma cirurgia “estão piores que em 2016, apesar dos programas de recuperação de cirurgias”. “A dezembro de 2016 existiam 18.370 cirurgias em espera, a dezembro de 2020 já ultrapassavam as 19.700 cirurgias em lista de espera”, argumentou.

No que diz respeito às consultas, salientou que os dados “também não são animadores pois em dezembro de 2019 existiam 35.089 primeiras consultas por agendar em dezembro de 2020 ultrapassavam as 44.600 consultas por agendar, apesar de muitas das consultas realizadas em 2020 serem teleconsultas”.

O deputado considerou, por fim, que “é possível fazer mais e melhor no Serviço Regional de Saúde, temos profissionais com provas dadas apesar da escassez de recursos humanos, e do desvio de meios financeiros para os lucros do negócio da doença”.

 O PCP defende a contratação dos profissionais necessários para regularizar o funcionamento das unidades do SRS, bem como a sua valorização profissional, salarial e das carreiras; a aquisição de novos equipamentos; o fim da promiscuidade entre o público e o privado, e um programa que promova o regresso de muitos profissionais à exclusividade no serviço público; uma aposta forte nos cuidados de saúde primários.