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Mar 9, 2021 - 2 minute read

Papa lamenta que o acusem de heresia e de ser inconsciente

No regresso da visita ao Iraque, Francisco disse que não tem medo de ser chamado herege por dialogar com muçulmanos. Papa terminou ontem visita ao Iraque. Um momento que ficará para a história. O Papa Francisco lamentou ontem que o acusem, por vezes, de heresia, frisou que o mundo “não tomou consciência” de que emigrar é um direito humano e considerou que são as mulheres que “carregam a História”.

No voo de regresso do Iraque, Francisco, 84 anos, afirmou que, embora às vezes lhe digam que “está a um passo da heresia”, são os riscos que se correm num papado, que não são um capricho seu e desdramatizou as críticas.

“Muitas vezes é preciso correr riscos para dar esse passo. Há algumas críticas de que o Papa não é corajoso, que é um inconsciente, que está a tomar medidas contra a doutrina católica, que está a um passo da heresia. São riscos, mas essas decisões são sempre tomadas na oração, no diálogo, no pedido de conselhos, não são um capricho”, disse Francisco na tradicional entrevista coletiva no avião após as viagens.

Francisco destacou sobretudo o encontro realizado no sábado com o ‘ayatollah’ Al Sistani, lembrando que a referência religiosa dos muçulmanos xiitas do Iraque raramente se levanta para cumprimentar alguém e fê-lo em duas ocasiões para lhe apertar a mão.

Nas declarações aos jornalistas, o Papa realçou que o mundo ainda não tomou consciência de que a emigração é um direito humano e lamentou que a muitos dos habitantes do planeta não lhes reste outra opção.

“Enquanto regressava de Qaraqosh e Erbil vi muita gente jovem. Qual é o futuro destes jovens? Para onde irão? São tantos os que terão de deixar o país”, afirmou.

Sobre as mulheres, o Papa referiu que são elas “quem carrega a História”, destacando a “valentia das iraquianas”.

Francisco lembrou que, no voo de ida para o Iraque, um jornalista lhe mostrou a “lista de preços” que os ‘jihadistas’ do grupo Estado Islâmico pagam pelas mulheres, tendo respondido, então, que elas “se humilham e se vendem, também no centro de Roma”.