Entre 5 e 8 de março, o Papa Francisco visitará o Iraque, numa missão em que se apresenta como “peregrino da paz”. Esta é a primeira visita de um papa a um país muçulmano de maioria xiita. “Venho como peregrino (…) para implorar ao Senhor perdão e reconciliação, depois de anos de guerra e terrorismo (…) e eu venho entre vós como peregrino de paz”, sublinhou o Papa, na quinta-feira, numa mensagem de vídeo publicado na véspera da sua partida.
Francisco, que tem no programa a visita à planície de Ur, o lugar de Abraão, onde é recordado que as três principais religiões monoteístas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo) têm a mesma origem, manifestou o “desejo de orar com irmãos e irmãs de outras tradições religiosas”.
No vídeo divulgado, o Papa considerou o povo iraquiano “uma única família, de muçulmanos, judeus e cristãos”.
A agenda papal inclui encontros com a comunidade católica, composta por 590 mil pessoas, cerca de 1,5% da população iraquiana, além de cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas, líderes políticos e o grande aiatola Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país.
O Papa vai passar por Bagdade, Najaf, Ur, Erbil, capital do Curdistão iraquiano, Mossul e Qaraqosh.
Segundo a agência Ecclesia, em 2003 havia cerca de 1,4 milhões de cristãos no Iraque.
Antes do exílio, a maioria dos cristãos encontrava-se na província de Nínive, cuja capital é Mossul.
Já de acordo com dados da Ajuda para as Igrejas Necessitadas (ACN), nos três anos de guerra contra o Estado Islâmico (EI), 34 igrejas foram totalmente destruídas, 132 foram incendiadas, 197 parcialmente danificadas, assim como mais de mil casas de cristãos foram totalmente destruídas e mais de três mil incendiadas, mostrando o grau de perseguição a esta minoria religiosa que se concentra sobretudo no norte do Iraque.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Nizar Kheirallah, acentuou o simbolismo da visita de Francisco.
“Que responsável estrangeiro poderá agora recusar-se a vir ao Iraque se o papa o fizer?”, enfatizou o responsável da Presidência iraquiana.
Em três dias, o papa deverá percorrer mais de 1.445 quilómetros de helicóptero ou avião e sobrevoará por vezes zonas onde se escondem ainda elementos ativos do grupo ‘jihadista’ EI.