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Mar 2, 2021 - 2 minute read

Pandemia releva o conhecimento

O cardeal José Tolentino Mendonça afirmou que a pandemia empurrou a sociedade para o futuro, tornando mais clara a “centralidade do conhecimento” e a importância de se servir o bem comum. “A normalidade, pela qual tanto ansiamos, não é um lugar já conhecido a que se volta, mas uma construção nova onde nos temos de empenhar. Por distópica que possa ser, a pandemia empurra-nos para o futuro”, disse o também poeta, teólogo e professor universitário, que discursava esta segunda-feira na cerimónia em que foi galardoado com a edição deste ano do Prémio Universidade de Coimbra.

Para o cardeal madeirense, a crise pandémica veio reforçar a relevância do conhecimento, tornando mais clara que “as sociedades do futuro terão de potenciar sempre mais a importância e a centralidade do conhecimento”. “O futuro não dispensa esses laboratórios de procura, criatividade, pensamento e inovação que as universidades constituem”, notou.

“Precisamos, como a pandemia o tem inequivocamente mostrado, de implementar e reforçar uma cultura da responsabilidade e do cuidado. Nesta estação dramática da história, serve-nos a objetividade dos cuidadores sensatos, que responsavelmente se dão conta da urgência de restabelecer equilíbrios mais estáveis e duradouros. E as universidades estão na primeira linha para responder à chamada”, disse ainda. Na sua perspetiva, a pandemia veio também tornar mais relevante a necessidade das sociedades de se centrarem em torno da ideia de bem comum.

“A acentuação do individualismo conduziu a uma dramática fragmentação da experiência social. O ‘salve-se quem puder' ou o ‘todos contra todos', como insistentemente tem repetido o papa Francisco, não são estratégias de futuro”, realçou, considerando que servir o bem comum deve tornar-se um objetivo mobilizador da sociedade.

Redescobrir a contemplação

Durante o seu discurso, Tolentino de Mendonça vincou ainda a necessidade de uma sociedade que consiga redescobrir a contemplação, em contraponto com os “ditames da produtividade, do controle utilitarista, do imediatismo”.

“A redescoberta da contemplação pode ser precisamente isso: uma nova consciência sistémica, compreendendo a interconexão existente entre a vida humana e a vida do planeta, que é a nossa casa comum”, referiu o cardeal, que falava na cerimónia do 731.º aniversário da Universidade de Coimbra, que decorreu inteiramente por via digital.