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Mar 24, 2021 - 6 minute read

Páscoa com madeirenses privilegia hotéis fora do Funchal

Mercados interno e nacional salvam hotelaria das baixas taxas de ocupação, mas enquanto a capital madeirense se fica com uma taxa de reservas na ordem dos 30%, há unidades hoteleiras em outras pontas da ilha com valores acima dos 80%. A lidar com a pandemia, as unidades hoteleiras da Madeira contam, esta Páscoa, com os mercados interno e nacional para evitar as razias nas taxas de ocupação. Madeirenses e continentais aproveitam as mais-valias de um confinamento menos severo e as férias escolares para usufruir da hotelaria regional. Os hotéis fora da capital são os mais procurados.

A norte, a Quinta do Furão, profundamente remodelada no ano passado, é um dos destinos na moda. Pedro Costa, diretor da unidade hoteleira de quatro estrelas, admite que tem tirado partido desta circunstância e reforçado a aposta na promoção feita por jornalistas da especialidade e influencers.

“As reservas decorrem a bom ritmo dentro daquilo que é o novo normal. Nos dias anteriores e posteriores à Pascoa, contamos com muitas famílias que estão a aproveitar as férias escolares. Para o próximo fim de semana, estamos com uma taxa superior a 90% e contamos encher no fim de semana da Páscoa. Neste momento, já estamos nos 80%”, diz.

Desde que a Alemanha e a Inglaterra restringiram as viagens, a Quinta do Furão tem-se valido do mercado interno, com picos de procura aos fins de semana e em festividades específicas, como os dias do Pai, de São Valentim ou da Mulher.

“Antes, o mercado alemão enchia o hotel, mas vai demorar tempo a recuperar esse segmento”, refere Pedro Costa, que dá também conta da importância, neste período, de mercados como o francês, o luxemburguês e o polaco.

Também o diretor-geral do Monte Mar Palace e Estalagem do Mar assume uma melhoria nas reservas no norte da ilha, um resultado que acredita ser um reflexo da obrigatoriedade de testagem à covid-19 nas viagens para o Porto Santo e do reforço das campanhas e dos pacotes promocionais para esta altura.

“Ainda estamos a receber reservas, pelo que a taxa deve subir, mas neste momento andamos pelos 40%”, afirma Eutásquio Gonçalves.

Para estes números, têm contribuído maioritariamente as famílias madeirenses e algum mercado polaco e lituano cujas operações aéreas arrancam esta semana.

Ainda assim, não obstante o aumento da procura nos meses de março e abril, alguns hotéis continuam a não ter capacidade para abrir. É o caso do Calamar, em São Vicente, que não tem data prevista para a reabertura.

Aumento também no Caniço e no Santo da Serra 

Enquanto a Alemanha não recupera e os britânicos tardam a chegar, os hotéis Sentido também têm contado com o mercado interno para animar as taxas de ocupação, mas esta é uma procura muito direcionada para timings específicos, feriados e festividades.

“No Dia do Pai, a título de exemplo, tivemos nove quartos com o mercado local e no Dia dos namorados tivemos 58 chegadas do mercado local para uma e duas noites”, observa Eric Schumann.

O administrador dos Hotéis Sentido, localizados no Caniço, espera dias melhores com a chegada dos britânicos expectavelmente a partir de 17 de maio e a retoma da Alemanha. Para já, o Galomar está com uma taxa de ocupação de 26% que espera aumentar até à Páscoa, já o Alpino Atlântico Ayurveda Cure Hotel vai estar praticamente lotado na semana das festividades pascais. Fechado continua o Galosol.

Com a Alemanha a discutir a possibilidade de quarentena dos turistas no regresso, os hotéis do Caniço têm perdido terreno para as unidades hoteleiras das ilhas Baleares. A aposta tem sido direcionada para o mercado interno e para a promoção nos media regionais.

Entre as unidades em funcionamento, o Grupo Portobay tem no Serra Golf uma das mais procuradas, a par com as Les Suites at The Cliff Bay, localizadas no Funchal.

O boutique hotel de charme, situado junto ao campo de golfe do Santo da Serra, está com uma taxa de ocupação nos 80% que vai manter na Páscoa graças sobretudo ao mercado interno e a alguma procura de âmbito nacional.

 

Capital da Madeira aguarda pela retoma para melhorar taxas de ocupação

Apesar do aumento na procura, os hotéis situados no Funchal registam uma taxa de ocupação para esta Páscoa na casa dos 30%.

Para isso, contribuem as situações da Alemanha e do Reino Unido. Os britânicos só devem começar a chegar a partir de 17 de maio ou em junho e a retoma da Alemanha ainda é uma incógnita, prevendo-se que possa acontecer em abril.

Enquanto isso, os madeirenses e os continentais têm ajudado a manter alguma dinâmica. Bruno Freitas, CEO do Grupo Savoy Signature, lembra que a cadeia hoteleira sempre teve uma boa aceitação por parte da população regional, sobretudo no que concerne às unidades hoteleiras situadas na Calheta e ao Savoy Palace.

Com o Saccharum fechado, a procura tem-se direcionado para o Savoy Palace, com efemérides como o Dia do Pai e dos Namorados e os fins de semana a refletirem essa preferência.

Bruno Freitas nota um aumento da procura por parte dos turistas nacionais que, face às restrições em território continental, têm valorizado muito a qualidade dos serviços hoteleiros regionais.

Para esta Páscoa, a taxa de ocupação está nos 30%, mas as reservas devem subir, tendo por base o comportamento das famílias madeirenses e dos turistas nacionais.

Também António Trindade, presidente e CEO dos PortoBay Hotels & Resorts, reconhece o aumento do fluxo de turistas nacionais, ainda que as taxas de ocupação estejam muito longe dos valores pré-pandemia.

O The Cliff Bay está com valores na casa dos 35% e o Porto Mare nos 25%. Curiosamente, a unidade mais cara do Grupo - Les Suites at The Cliff Bay – tem passado incólume à pandemia, refere António Trindade, com ocupações muito boas.

“Há um segmento nacional que ia para o Brasil e para as Seychelles e que encontrou aqui um produto que corresponde às suas expectativas”, explica.

Estes níveis positivos de procura refletem-se igualmente nos restaurantes Il Basilico e Avista, resultado também da criação da Academia Gastronómica PortoBay.

No caso do Caju Le Petit Hotel, do Grupo Divine Hotels Collection, a procura é sustentada pelos franceses, alemães e britânicos. A unidade hoteleira está com uma taxa de ocupação nos 13% e prevê mantê-la em abril.

Em junho, o hotel The Vine reabre portas, contando já com uma taxa de ocupação de 16%, que deve subir, refere Gonçalo Henriques, administrador do Divine Hotels Collection, uma vez que as reservas, na atual conjuntura, são feitas com menos antecedência.

Em situação idêntica está o Castanheiro Boutique Hotel, com uma taxa de ocupação nos 22% e a contar com o regresso dos estrangeiros do mercado nacional. Francisco Correia, sócio e diretor dos hotéis Terrace Mar e Castanheiro Boutique Hotel, lembra que os madeirenses preferem fazer férias fora do Funchal, pelo que o mercado interno não se reflete na procura por estas unidades hoteleiras.