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Apr 20, 2021 - 3 minute read

Oito horas de velório pela morte da Cultura

Será diante da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) que os artistas regionais e agentes culturais vão acompanhar o protesto marcado a nível nacional através de um “velório”, pela “morte dos profissionais da cultura, do espetáculo e do artista”. Conforme avançou o JM na edição impressa do último sábado, os profissionais da cultura voltam a sair à rua esta quarta-feira, 21 de abril, dez dias após a última vigília pela cultura e artes da Região, que se realizou em frente à Sé do Funchal. A iniciativa segue o mote dos protestos que vão decorrer durante este mesmo dia em várias cidades portuguesas, numa organização do grupo informal ‘Vigília Cultura e Artes’ que pretende realizar velórios por todos aqueles “que este Governo deixou para trás” com a chegada da pandemia a Portugal. Na Madeira, o protesto realiza-se sob a forma de velório, entre as 8h30 e as 17 horas de amanhã. O setor da cultura na Região “orgulha-se de cumprir com o máximo rigor todas as regras estabelecidas pelo IASAÚDE” e, nesse sentido, tem provado, desde o ano passado, “que é possível manter a atividade e a segurança de todos, dentro do atual quadro em que vivemos”, acredita Marta Sofia, porta-voz da iniciativa, que destaca, contudo, que “é do conhecimento público que públicos de cinco e/ou 50 pessoas” é algo que “não é viável para algumas salas de espetáculo com capacidade até 600 lugares e restantes eventos culturais ao ar livre com controlo de entradas”. Com as restrições que por vários meses têm vigorado na Região, “os ecossistemas culturais e artísticos viram as suas produções adiadas e as suas vidas em pausa até que alguém decida, de quinze em quinze dias, quando e se podem voltar a exercer a sua profissão com dignidade”, acrescenta, numa nota enviada à redação. “Não precisamos de apoios, se pudermos trabalhar e existir um quadro de reagendamento real e capaz de corresponder a meses de interrupção e/ou pouca programação devido aos constrangimentos impostos por estas medidas”, defende Marta Sofia. A mesma fonte volta a questionar “a base científica” que sustenta as restrições impostas pelas entidades regionais, consideradas “discriminatórias e pouco claras no sentido do combate à pandemia”. Isto porque as salas de espetáculo estão com uma lotação limitada a cinco pessoas enquanto que os locais de culto podem albergar até 50% da sua capacidade, da mesma forma que, sublinha Marta Sofia, “se inauguram restaurantes com grande fé mas pouco espírito, revelando em pleno horário nobre que as leis existem para serem infringidas, desde que seja a pessoa que as faça a infringi-las”. Apoios não chegaram a todos Na “impossibilidade de pôr em prática” a sua profissão devido às medidas impostas pelo Governo Regional, o setor cultural viu disponibilizadas, pelo Executivo, linhas de apoio para suportar o impacto da covid-19. Contudo, “para além de ambíguas”, estas “não estão claramente contextualizadas nem chegam a ‘toda a gente’ que direta ou indiretamente poderia beneficiar destas medidas”, reclama a porta-voz do protesto de amanhã, que neste âmbito acusa os órgãos máximos que tutelam a cultura, as artes e os eventos, de proferirem declarações “constrangedoras” que revelam “pouco rigor de aplicação” e denotam um “profundo desconhecimento e despreocupação por estes profissionais e pelo próprio setor que tutelam”.