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Feb 10, 2021 - 3 minute read

Obesidade piora efeitos da covid-19

A obesidade “aumenta a probabilidade de sintomas severos de covid-19, e os indivíduos com excesso de peso parecem ter um risco acrescido para contraírem a doença, o que pode estar relacionado com um sistema imunológico menos eficaz nestes indivíduos”. O alerta é deixado pela nutricionista Joana Silva, que, adverte “o papel fundamental da nutrição e alimentação é esta altura inegável do ponto de vista da saúde”.Lembrando que a nutrição e a alimentação “têm um papel extremamente importante”, a especialista recorda que, neste momento, já é sabido que a obesidade aumenta a probabilidade de sintomas severos de covid-19, e que “os indivíduos com excesso de peso parecem ter um risco acrescido para contraírem a doença, o que pode estar relacionado com um sistema imunológico menos eficaz nestes indivíduos”, como faz questão de apontar.No que respeita à hospitalização, Joana Silva refere também que o risco triplica em indivíduos obesos, condição à qual acresce a maior necessidade de ventilação assistida nestes doentes.Para além do atrás referido, o Centers for Disease Control and Prevention (agência norte-americana para controle e prevenção de doenças) mostra igualmente que, “em indivíduos obesos, é duas vezes maior a probabilidade de manutenção a longo prazo dos sintomas pós-covid-19, como fadiga e dificuldade de concentração, dores de cabeça, dormências, entre outros”.A este respeito, Joana Silva lembra o estudo efetuado pelo Hospital de São João, no Porto, e em que avaliaram 1.151 dos 1.988 doentes adultos, tratados no hospital e em casa. O estudo, reporta, “diz-nos que 60% destes ainda apresentam pelo menos um sintoma pós-cura, e que 25% dizem sentirem-se como se não tivessem recuperado, torna a situação ainda mais preocupante. Aliado a este facto, a dificuldade acrescida de indivíduos com obesidade agudiza ainda mais o quadro”, sustenta. E as crianças?“À medida que a pandemia se foi instalando os conhecimentos que tínhamos foram aprofundados e se de início se pensou que as crianças estariam mais protegidas e que teriam uma sintomatologia mais leve, a evidência pela experiência diz-nos agora o contrário”, começa por explicar a nutricionista sobre o impacto da covid-19 nas crianças. Por exemplo, no Hospital Dona Estefânia, “as crianças internadas em março de 2020 com síndrome inflamatória multissistémica apresentavam sequelas cardíacas e lesão renal”, salienta, sublinhando que, “se pensarmos que a obesidade acarreta um estado de inflamação crónica será lógico que uma criança obesa com outra doença infeciosa apresente um quadro mais gravoso do que outras crianças”.“É a experiência deste hospital, referência em Portugal, e que nos indica que os casos mais graves de internamento são efetivamente com crianças com excesso de peso”, aponta, acrescentando que, “se dúvidas existissem sobre o papel fundamental da nutrição e de uma alimentação saudável para o bem-estar e saúde de todos nós, esta doença, em particular, só vem dissipar essas ideias”.Perante estes factos, Joana Silva diz que “urge uma aposta efetiva na promoção de uma alimentação saudável e equilibrada, da premente necessidade de mantermos um peso corporal saudável e de termos bons hábitos de atividade física”, acrescentando que “a palavra de ordem tem de ser a prevenção e aposta na mudança do paradigma alimentar, pela sua, pela minha, pela nossa saúde”.