Chamava-se Maminhas a fêmea de lobo marinho que ontem à tarde foi transportada, já cadáver, 
das Desertas para a Madeira. A necrópsia vai esclarecer as causas da morte do animal. A operação não passou despercebida a quem estava ontem, ao início da tarde, na marina de Machico. Um lobo marinho, de grande porte, içado por uma grua dos Bombeiros Sapadores do Funchal foi transferido para uma viatura de caixa aberta do Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza (IFCN). Contactado pelo JM, o presidente do IFCN confirmou tratar-se do cadáver de uma fêmea de lobo marinho encontrada na praia do Tabaqueiro, na Deserta Grande. Segundo Manuel Filipe, a fêmea de nome Maminhas terá morrido de causas naturais, contudo só a necrópsia, que será realizada hoje ou amanhã, poderá determinar os motivos da morte. A transferência do animal envolveu uma logística “complexa”, conforme realçou o mesmo responsável, tendo em conta o peso da espécime, que será da ordem dos 300 quilos.
O transporte entre as duas ilhas foi feito com o recurso a uma embarcação do Museu da Baleia da Madeira (preparada para dar resposta a situações do género) e à chegada à marina de Machico foi necessária a intervenção de uma viatura com grua, neste caso dos BSF. A Maminhas morreu com 12 anos e durante a sua existência contribuiu para a colónia de lobos marinhos da reserva com uma cria, de acordo com o relatório do projeto Life Madeira Lobo-Marinho. Este foi um estudo gerido pela bióloga Rosa Pires, que decorreu entre 2014 e 2019 e resultou num manancial de informação importante para a preservação desta espécie emblemática da Madeira e que se encontra em vias de extinção. De acordo com informação que foi sendo divulgada pelo Life Madeira, e está disponível na internet, a Maminhas fez parte de uma tríade de fêmeas (composta também pela Y e pela Tria) que amamentaram uma cria, supostamente órfã, detetada nas ilhas Desertas. Da informação resultante do referido estudo, sabe-se que os lobos marinhos “geralmente na ultrapassam os 22 anos” e que a população de lobos marinhos ronda a três dezenas, distribuindo-se pela ilha da Madeira e pelas Desertas (Ilhéu Chão, Deserta Grande e Ilhéu Bugio). Nas Desertas utilizam nove grutas, das quais sete são “usadas basicamente como locais de descanso e 2 como locais de reprodução”. A praia do Tabaqueiro, onde foi encontrada a Maminhas, é, de acordo com a mesma fonte, utilizada habitualmente pelas fêmeas reprodutoras durante a época de criação”. O Life Madeira Lobo-Marinho serviu também para alertar e sensibilizar as autoridades e a população em geral para os perigos que minam o sucesso da preservação de tão singular animal, nomeadamente “a perturbação humana e a acumulação de lixo marinho”.