madeira news

Feb 8, 2021 - 2 minute read

Número de deslocados em Darfur durante janeiro ultrapassou número total de 2020

O número de pessoas deslocadas em janeiro em Darfur, o primeiro desde a retirada da missão de paz das Nações Unidas na região sudanesa, ultrapassou o de todo o ano de 2020, com 129.000 afetados, anunciaram as Nações Unidas. Segundo um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), citado pela agência noticiosa Efe, “ficaram deslocadas mais pessoas no primeiro mês de 2021 que em todo 2020”.

A chefe da delegação da OCHA no Sudão, Paola Serrao, que remeteu para números da Organização Internacional para as Migrações, referiu que “quase 107.000 ficaram deslocadas em Darfur em 2020, e em janeiro de 2021 este número é de 129.000”.

Segundo Serrao, a maioria destas deslocações foi provocada pela violência intercomunitária.

Destes deslocados, 108.870 terão fugido da capital de Darfur Ocidental, Geneina, e dos seus arredores, depois de episódios de violência tribal que resultaram na morte de um jovem num campo de deslocados.

No Darfur do Sul, os conflitos entre membros das tribos árabes Falata e Rizeigat, motivados por poços de água e pastagens, também resultaram num surto de violência.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, 250 pessoas morreram nestes episódios de violência.

O pico nas mortes e nos deslocados surge depois de a missão de paz das Nações Unidas em Darfur, a Unamid, ter terminado, a pedido do Governo sudanês, a sua presença, que se prolongou por 13 anos, no território.

Aquando do fim da missão, havia cerca de 1,8 milhões de deslocados, uma redução face aos 2,5 milhões de deslocados calculados em 2007, quando a Unamid teve início.

No documento, a OCHA advertiu que “a integridade física das famílias deslocadas continua em risco” e que algumas delas consideram mudar-se para o Chade caso “a segurança não melhorar”.

A OCHA assinalou também que as organizações de ajuda humanitária precisam de fundos para apoiar 8,9 milhões de pessoas no Sudão, país que viu a sua crise económica agravada pela crise sanitária da covid-19 e pelas inundações que afetaram mais de um milhão de pessoas.

O conflito no Darfur, que começou em 2003 entre forças leais ao regime de Cartum e rebeldes, resultou em cerca de 300.000 mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados, na sua maioria nos primeiros anos, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

Omar al-Bashir, na prisão, e outros funcionários sudaneses são procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por “crimes contra a humanidade” e “genocídio” em Darfur.