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May 7, 2021 - 4 minute read

Nómadas geram impacto mensal de 1,5 milhões na economia da Região​

Estão atualmente a viver na Madeira cerca de 700 nómadas digitais, mas o número de interessados já ultrapassou os seis milhares. Com o alojamento local “praticamente esgotado” na Ponta do Sol, o Governo quer levar o projeto a outros concelhos. Encontram-se a viver na Região, atualmente e de forma temporária, cerca de 700 nómadas digitais. São trabalhadores remotos com rendimentos tendencialmente elevados, a rondar os cinco a seis mil euros mensais, que se estima que apliquem mensalmente na economia regional “à volta de um milhão e meio de euros”, afirmou ao JM o secretário regional de Economia, Rui Barreto.

Atraídos por viver numa pequena comunidade, com qualidade de vida que as grandes cidades, por vezes, não oferecem, a um custo de vida relativamente baixo, a Região apresenta-se como um paraíso de boas condições para receber profissionais de todo o mundo por um determinado período.

De acordo com a Secretaria Regional de Economia, o projeto Digital Nomads Madeira Island, cuja plataforma é gerida pela Startup Madeira, continua em constante crescimento, tendo já superado as 6.200 inscrições. As sete centenas de trabalhadores remotos a viver atualmente na Região estão a contribuir para o crescimento do consumo nos negócios locais e da procura pelo alojamento local, sendo esta uma interessante alternativa para colmatar a redução de turistas provocada pela pandemia da covid-19.

 

Aliás, a estada de um nómada digital na Região, a rondar uma média de entre dois a três meses, é substancialmente superior às curtas estadias dos turistas visitantes, sendo por si só algo que faz esperar um impacto mais evidente nos diversos setores da economia regional, uma vez que se prevê uma injeção do seu salário em cafés, alojamento, restaurantes, atividades lúdicas, e muito mais.

 

“As pessoas já não procuram as grandes cidades, procuram locais onde se sintam parte da comunidade. Eles são turistas, mas também são temporariamente residentes. Consomem, deixam dinheiro na economia local, arrendam casas e vão a restaurantes”, explica Rui Barreto, que considera que os nómadas “são um segmento muito relevante, porque eles também são difusores e embaixadores da Madeira”. “É um investimento baixo, mas com um impacto muito forte, e a prova disso é o interesse de mais de seis mil pessoas oriundas de 90 países”, acrescenta.

 

A ideia nasceu em setembro de 2020, na sequência de um evento online sobre trabalho remoto, o ‘Future of Work Online’, organizado pela Secretaria Regional da Economia, através da Startup Madeira, reunindo mais de 800 empreendedores e trabalhadores remotos. A partir daí, o Executivo procurou envolver parceiros públicos e privados no sentido de reunir meios para posicionar a Região no mapa dos nómadas digitais, segmento que assume especial interesse no âmbito de uma pandemia que obrigou a explorar o teletrabalho em todas as suas potencialidades ao nível global.

 

EUA lideram nas inscrições

Conforme mostram os dados da tutela da Economia a que o JM teve acesso, os países com o maior número de inscrições na plataforma Digital Nomads Madeira Island são os EUA, com 1.268 inscrições. Seguem-se o Brasil, com 661, e o Reino Unido, com 531. Ao nível europeu, surgiram 460 candidaturas vindas da Alemanha, 325 da Polónia, 284 da República Checa, 255 da Itália, 188 da França, 164 da Eslováquia, entre outros.

Para Rui Barreto, “urgia criar uma estratégia integrada de atração deste mercado para a Região, dando a conhecer a Madeira como um dos melhores locais no mundo para trabalhar remotamente”. “Aquilo que o Governo fez foi adaptar as infraestruturas às necessidades dos nómadas. Faltava-nos este projeto para mostrar que, hoje, devido às tecnologias, é possível trabalhar remotamente a partir da Região”, afirma o tutelar da pasta da Economia.

 

Meia centena de menções

O projeto da vila nómada da Ponta do Sol, o ‘Digital Nomad Village’, tem atraído atenções dos quatro cantos do mundo, como comprova o facto de este projeto ter sido citado em mais de 50 meios de comunicação nacionais e internacionais. CNN, EuroNews, Forbes, 150sec, Lonely Planet, Der Spiegel, Huffington Post, The Japan Times, Times of India, Mirror são alguns exemplos de plataformas onde o projeto foi mencionado desde novembro, altura em que foram abertas as inscrições.