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Mar 12, 2021 - 4 minute read

“Não deixem cair a Groundforce”

Manifestação de trabalhadores no Aeroporto da Madeira juntou largas dezenas, que procuram defender os seus postos de trabalho. O Estado e a TAP, acionista da empresa de handling, têm a decisão nas mãos. Já se repercutiram na Madeira os protestos pelos ordenados em atraso dos trabalhadores da Groundforce, tendo esses se manifestado, ontem, em frente à gare das partidas do Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo, conforme o JM tinha antecipado.O protesto acontece dias depois de ter sido conhecida a incapacidade da empresa e do seu maior acionista para uma antecedência de dinheiro que ajudaria a pagar os salários em atraso de fevereiro e a garantir os de março. Eram precisos 30 milhões de euros num empréstimo que fracassou devido às ações de Alfredo Casimiro, principal acionista da Groundforce, estarem penhoradas pelo banco Montepio.Foram mais de 100 os trabalhadores da Groundforce que se manifestaram pela defesa dos postos de trabalho e pela garantia dos ordenados, numa ação que decorreu no Aeroporto da Madeira, em frente à porta principal da zona das partidas. Tudo num apelo quase emotivo dos trabalhadores quanto ao futuro incerto da empresa.A defesa dos salários e dos postos de trabalho vão continuar a existir até serem satisfeitas as pretensões dos trabalhadores, tendo os profissionais lançado um apelo ao Governo. A pandemia ajudou a colocar a empresa nesta posição.Muitos profissionais estão à espera que alguém garanta a sustentabilidade da empresa, ao considerarem que a sua inclusão no grupo TAP é essencial e estratégica para as operações aeroportuárias.208 em perigo na MadeiraAlzira Nélio, da Comissão de Trabalhadores da Groundforce, revelou ao JM que a “luta dos trabalhadores” da RAM é igual à que “já se faz no continente”. Enquanto os trabalhadores iam gritando “não deixem cair a Groundforce”, a responsável acrescentava que há “uma empresa viável e que tem muito futuro”. Agora cabe ao Governo e à TAP, o segundo maior acionista e principal cliente, garantir a sua viabilidade.Nos últimos anos, reforça Alzira Neto, “a Groundforce teve lucros que foram divididos pelos seus acionistas. Foram lucros obtidos com os esforços de todos estes trabalhadores”, ressalva. “Há vidas em jogo”Já José Luís Teixeira, da Comissão Nacional de Trabalhadores da Groudforce, que esteve na Região para apoiar a luta dos colegas insulares, revelou ao JM que “há pessoal a fazer manifestação noutros aeroportos”. Os trabalhadores não podem, uma vez mais, “pagar uma fatura que não lhes pertence”. A unidade de trabalhadores “está unificada por todo o País e estamos todos com o mesmo pretexto numa luta de uma causa justa”, continua.A Groudforce enquanto empresa “estava a dar lucro ao capital privado”, é uma empresa necessária e “estratégica para o País, até porque há mais de dois mil postos de trabalho que têm de ser acautelados. Há vidas de trabalhadores em jogo, de famílias inteiras a quem não foi garantido o direito ao salário”, acrescenta.TAP já adianta dinheiro desde novembroContactado pelo JM, André Serpa Soares, da Direção de Comunicação e Relações Públicas da TAP, remete a posição da companhia para declarações produzidas pelo CEO da empresa, Ramiro Sequeira, em entrevista à RTP. “Desde novembro que estão a ser feitas antecipações de faturas de serviços da Groundforce, de forma a garantir o salário dos trabalhadores”. Depois, acrescenta, que foi solicitado “um esforço à Groundforce para que apresentasse uma garantia a esse adiantamento”, já que os trabalhadores da TAP também “estão a fazer um esforço” para salvarem a companhia TAP. Foi aí que se soube que as ações do principal acionista da Groundforce já estavam penhoradas e não podiam ser dadas como garantias.O CEO da TAP revelou, nessa entrevista, que “as reuniões dos acionistas” continuam, de forma a chegar a um consenso, e que compreende a luta dos trabalhadores, garantindo, por isso, que a TAP, como acionista, “tem feito um esforço para ajudar os trabalhadores e as famílias”. Para além dessas declarações, a “TAP nunca comentou o tema, nem tem nada a acrescentar ao que foi dito pelo seu CEO”, acrescentou André Serpa Soares.