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Mar 19, 2021 - 3 minute read

Myanmar: ONU exige resposta internacional firme à repressão

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, exigiu hoje uma resposta firme e urgente à “violência brutal” com que os militares reprimem os protestos em Myanmar (antiga Birmânia). “Uma resposta internacional firme e unificada é necessária com urgência”, defendeu Guterres, por intermédio do seu porta-voz, Stéphane Dujarric, que recordou que a junta militar está “a desafiar” os apelos para acabar com as violações dos direitos humanos e regressar à democracia feitos pelo Conselho de Segurança.

O principal órgão de decisão da ONU condenou a repressão em Myanmar, mas até agora evitou tomar medidas ou lançar avisos contundentes contra as autoridades militares, principalmente devido à oposição da China e da Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança.

As repressões e o bloqueio informativo da junta militar que tomou o poder em fevereiro continuam a aumentar, contando-se hoje oito mortos numa manifestação de protesto e um jornalista da estação pública britânica BBC desaparecido.

A morte dos oito manifestantes aconteceu horas depois de a junta militar ter detido Kyi Toe, um importante porta-voz do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD, na sigla em inglês) que deu informações, nas primeiras semanas após o golpe de Estado, sobre a situação da líder deposta, Aung San Suu Kyi.

A detenção foi feita na noite de quinta-feira, segundo anunciou nas redes sociais a companheira do porta-voz.

Desde o golpe militar, já morreram pelo menos dois membros do NLD detidos pelas forças de segurança, sendo que pelo menos um terá sido torturado.

A junta militar também tem tentado reprimir os jornalistas que fazem a cobertura noticiosa dos protestos, tendo já sido detidos mais de uma dezena destes profissionais.

Hoje, a BBC anunciou que um jornalista birmanês do seu serviço em Rangum “está desaparecido”, depois de ter sido hoje levado por homens não identificados.

“Estamos muito preocupados com a nossa repórter Aung Thura, que foi levada por homens não identificados”, escreveu aquele órgão de comunicação social na sua conta oficial da rede social Twitter.

Na semana passada, um tribunal birmanês acusou seis jornalistas de violarem a ordem pública e manteve outros cinco em prisão preventiva, levando a embaixada dos Estados Unidos a lembrar que “silenciar a imprensa não impedirá que o mundo ou o povo da Birmânia [Myanmar] de reconhecer as ações aberrantes da junta”.

O golpe militar, no dia 01 de fevereiro, atingiu a frágil democracia de Myanmar depois da vitória do partido de Aung San Suu Kyi nas eleições de novembro de 2020.

Os militares tomaram o poder alegando irregularidades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de os observadores internacionais terem considerado a votação legítima.

Desde então, milhares de pessoas têm-se manifestado contra o golpe militar, sobretudo na capital económica, Rangum, e em Mandalay, a segunda maior cidade do país.

Nas últimas semanas, os generais birmaneses têm intensificado o recurso à força para enfraquecer a mobilização a favor do regresso do Governo civil, com milhares de pessoas a descerem às ruas em desfiles diários.