madeira news

Apr 30, 2021 - 3 minute read

Mensagem de ‘Abril’ deve ser reforçada junto dos mais novos

Passados 47 anos de Abril e da revolução dos cravos, várias figuras da comunidade portuguesa além-fronteiras defendem a necessidade de manutenção e fortalecimento do que significou o 25 de Abril junto das novas gerações de lusodescendentes. Passados 47 anos do 25 de abril de 1974, a revolução da altura toma ainda maior importância para reforçar a liberdade num momento de restrições e de crise sanitária ao nível mundial. As primeiras e segundas gerações de emigrantes portugueses têm bem presente Abril. No entanto, é necessário educar as terceiras gerações de lusodescendentes da importância e impacto que a revolução dos cravos teve junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. “O que se passou no 25 de Abril teve um grande impacto nas comunidades, disso não há dúvida nenhuma”, disse Yvette Santos, professora de História da Universidade Nova de Lisboa no programa da RTP, Decisão Nacional. Saber o que se passava Segundo a professora, “os emigrantes tiveram interesse em saber aquilo que se passava na altura em Portugal”. “Para eles [emigrantes] era importante saber o que acontecia e, aliás, existem estudos que têm trabalhado sobre isso, a forma como é que a comunidade tem falado sobre a ditadura naquele momento”, descreveu. A partir da revolução, Yvette Santos defende que surgiu finalmente a oportunidade de expressar o que pensavam e viviam antes de emigrar. A investigadora lamenta não existirem trabalhos e estudos sobre o período pós-Abril. “A questão de como é que os emigrantes votam é muito importante, algo que foi muito reivindicado naquela altura em 74/75, haver o direito de voto, de representatividade. Ainda faltam estudos que permitam perceber essa perspetiva”, apontou. Para Yvette Santos, o grande legado de Abril é “a liberdade de expressão, podermos expressar aquilo que queremos. Também em declarações prestadas no programa da RTP Internacional, Paulo Marques, presidente da Cívica e autarca em França, realçou a importância que os emigrantes dão ao dia que marcou o fim de uma ditadura. “Nunca se viu tantos cravos como neste 25 de Abril cá em França, é obvio que se aproveitam os mercados para encomendar os cravos, aproveita-se quando se encontra o presidente da Câmara para lhe oferecer um cravo para poderem mostrar o que foi e é Portugal”, explica. O autarca fala num “patamar fundamental para esse dever de memória e de podermos saber de onde é que nós vimos, para as novas gerações saberem que a liberdade não foi fácil de adquirir”. “Devemos aproveitar a liberdade e saber que não foi fácil. Aproveitar esta crise sanitária para explicarmos às novas gerações o que é o 25 de Abril”, realçou. De geração em geração É, de facto, importante que as gerações mais novas conheçam a realidade de Abril e pelo que passaram alguns dos seus avós. É nesse sentido que Débora Cabral Arruda, professora de Português no Instituto Lusófono de Pontault-Combault, explica algumas das iniciativas que promove. “Trazemos à escola testemunhos intergeracionais, pomos alguns avós, que viveram o 25 de Abril, a falarem para os mais novos”, conta. “Eles [novas gerações] apercebem-se da riqueza que é viver com os direitos e deveres que temos. Apercebem-se que Portugal é um país que está a crescer e notam, através das fotografias, das memórias de família que Portugal não era assim há uns anos”, continuou. Também no programa da Rádio e Televisão de Portugal, a professora lamenta os momentos difíceis atuais, com a crise sanitária. Apesar disso, diz que “nós temos nas mãos o poder de querermos ser melhores e só assim é que podemos espalhar essa nossa capacidade, essa nossa boa energia”.