Nadadora recordista mundial abraçou novo projeto que oferece melhores condições para que possa continuar a fazer história na natação de águas abertas. Mayra está focada na volta à Madeira, mas ainda este ano poderá nadar entre três ilhas. Impossível é um conceito que diz muito pouco a Mayra Santos, como bem o comprovam os títulos de recordista mundial de natação estática e o de ser a primeira mulher (e única) a fazer a travessia a nado entre as ilhas do Porto Santo e da Madeira. Mas continuar a desafiar o impossível também requer mudanças, daquelas que oferecem condições que tornam mais fácil a superação de novos obstáculos e que são catalogados como intransponíveis.

Mayra e o Juventude Atlântico Clube oficializaram ontem que vão ‘nadar’ juntos numa parceria que promete desafiar todas as distâncias impossíveis. “É um passo muito importante para mim. Estou habituada a mudanças, mas esta mudança é um capítulo novo que estou traçando para a minha história, para o meu novo livro e sem dúvida nenhuma vou fazer de tudo para honrar a touca do clube, espalhada aí pelos sete mares”, afirmou a ex-nadadora do Clube Naval do Funchal, numa conferência realizada nas piscinas da Escola dos Salesianos.

A nadadora foi desafiada pelo clube, que ofereceu “mais condições de treino”. Além de agora poder treinar de forma regular na piscina, a atleta vai poder contar com um preparador físico, além de ver reforçado o seu acompanhamento ao nível técnico.

“Vou me sentir muito preparada para cumprir os meus objetivos e os desafios que vão vir por aí”, assegurou Mayra, deixando no ar que tem “muitos desafios em mente”, embora o foco agora esteja na preparação na volta à ilha da Madeira.

Com a touca do novo clube, a nadadora espera poder participar em provas que servirão para ajudar a completar este grande desafio. “É preciso competir, aparecer no meio das competições, e agora no Juventude Atlântico Clube - Salesianos, vai ser uma honra poder representar este clube, que eu tenho certeza que vai me dar todas as condições que eu preciso para poder dar a volta à ilha", afirmou, confessando que foi muito fácil aceitar o convite.Jorge Lima, presidente do Juventude Atlântico Clube, explicou que a contratação da nadadora assentou em dois pilares.

“Não é todos os dias que um clube tem uma recordista mundial e temos de fazer fé que a recordista mundial vai crescer em sintonia com o clube, e este também”, observou o dirigente, acrescentando que Mayra Santos é “muito importante para dar o exemplo aos atletas do clube”.

“Nós temos de aproveitar os exemplos, até porque somos um clube diferente. Estamos ligados aos Salesianos e queremos cada vez mais crescer nos exemplos que queremos passar para as pessoas”, rematou.

Preparador físico para reforço muscular

O preparador físico Nuno Escórcio vai ajudar a preparar Mayra Santos para os próximos desafios, “inicialmente com um trabalho específico que passa essencialmente por fazer um reforço muscular para prevenção de lesões que possam impedir a conclusão dos percursos longos que se propõe fazer”. “A Mayra, ao nível psicológico, possui qualidades que a maioria de nós não temos, sobretudo na água”, observou Nuno Escórcio, para salientar que não espera ter trabalho nesta área. Será sim “um trabalho específico ao nível de reforço de ombros, pernas, para aguentar aquela dureza e não haver lesão que a faça parar a meio do percurso”, descreveu, reconhecendo que este projeto é o mais exigente da sua jovem carreira.

Travessia interilhas se a pandemia deixar

O desafio de Mayra Santos no Juventude Atlântico Clube vai implicar muito mais horas de treino, muitas das quais serão passadas nas piscinas dos Salesianos, mas também no mar, e até durante a noite. O foco está na volta à ilha, mas o treinador Marco Oliveira espera que ainda este ano seja possível realizar a travessia Porto Santo - Desertas - Madeira.

“Não fosse a questão da pandemia, queríamos que já no verão tivéssemos programada esta travessia”, observou o técnico, que reservou para os próximos meses, embora confiante, uma decisão final quanto à concretização deste desafio, o qual não se prepara “num mês nem em dois”, quer por causa do treino como da logística que o mesmo envolve.