No seu discurso na sessão solene comemorativa dos 47 anos da Revolução dos Cravos no parlamento português, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que “o 25 de Abril foi feito para libertar” e que não se pode olhar para o passado com os olhos de hoje. Nas palavras do presidente da República, é uma “missão ingrata” “julgar o passado com os olhos de hoje sem exigir, naquelas situações aos que viveram esse passado anteciparem valores para nós agora tidos por evidentes e universais”.

Já invocando o passado colonial português, o chefe de Estado sublinhou que, ao revisitar a História, não podemos passar de “um culto acrítico de glorificação do império português à demolição também acrítica de tudo a que ele diz respeito”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal deve “assumir a justiça largamente por fazer ao mais de um milhão de Portuguese que serviram pelas armas, aos milhões que lá e cá combateram o império colonial, abandonados por quem regressou. Aos muitos, quase um milhão, que chegaram quase sem nada. E aos milhões que sofreram nas novas pátrias conflitos. Até por respeito por todos, que se retirem lições sem temores nem complexos, mas que se não transforme o que se liberta em mera prisão de sentimentos, úteis para campanhas de certos instantes”, continuou, pedindo que se retirem as lições possíceis do passado. 

“Que os anos que faltam até aos 50 anos sirvam para trilhar esse caminho, assumindo as honras e fracassos, mas construindo coesões e inclusões e não criando intolerâncias. Que o 25 de abril viva sempre, como gesto libertador e regenerador da história. Sem alibis, nem apoucamentos (…) Não há, nem nunca houve um Portugal perfeito. Como nunca houve e não há um Portugal condenado”, concluiu.