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Feb 14, 2021 - 2 minute read

Mais de 30 idosos morreram devido a um surto em lar no Alentejo

Um surto de covid-19 mais de 30 vidas e abalou a comunidade na vila de Alcáçovas, no Alentejo.  “Isto tem estado mau. Tem morrido muita gente. O nosso lar levou ali uma cresta [sova]. Foram 37 pessoas”, conta Edmundo Carvalho Boleto, de 88 anos, um dos poucos moradores que se vê nas ruas, quando a agência Lusa visitou a povoação.

Foi tão de repente e tanta gente ao mesmo tempo. Não estávamos à espera e pensávamos que estávamos protegidos”, uma vez que “nada acontece aqui”, acrescentou.

O provedor da Santa Casa, João Penetra, admite à Lusa que o surto tem impacto na vila, porque utentes, funcionários e população “são pessoas que se conhecem”, mas “toca” também localidades próximas, de onde são oriundos alguns dos residentes.

“Na vila, obviamente, afeta, porque é normalmente um assunto de conversa e de interesse”, afirmou, revelando que a instituição viveu períodos “muito cansativos” e chegou a registar “cinco mortos num dia”.

Já o presidente da Junta de Freguesia de Alcáçovas, Manuel Calado, partilha a mesma opinião e diz que todos se conhecem e, quando morre alguém, “mexe sempre”. E as pessoas da vila olham para essa morte como se fosse “quase um familiar”.

“Nasci em Alcáçovas, conheço as pessoas todas” e estas mortes “mexem com ‘a gente todos’”, porque é diferente quando vimos “os números de 300 óbitos” e quando “são os nossos” que morrem, argumenta, sentenciando: “De perto, vive-se isso com mais intensidade”.

Maria Chora foi uma das primeiras funcionárias infetada e conta que teve de enfrentar “um vírus muito forte”, com sintomas como “febre e dores no corpo”, e que lhe “atingiu um rim”, mas já regressou ao trabalho.

Durante os “51 dias” que cumpriu quarentena, recorda a funcionária, que interrompe por breves instantes as suas tarefas para falar à Lusa, ficou a saber que a sua tia, ela própria utente do lar onde trabalha, tinha ficado infetada com o SARS-CoV-2 e que, mais tarde, tinha morrido.

Com o surto “à solta” no lar, o vírus espalhou-se também pela comunidade e o morador Edmundo recorda a morte por covid-19 de um amigo, “um rapazote” com 77 ou 78 anos, que tinha “problemas de coração”. Mas o facto, sublinha, é que fora do lar não se registaram tantos óbitos.