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Mar 8, 2021 - 4 minute read

Madeira “tem direito de ter cursos superiores” de música

O presidente do Conservatório, Carlos Gonçalves, mostra-se expectante com a abertura do período
de inscrições para o próximo ano letivo, que acontece esta quarta-feira, 10 de março. “Ao nível das artes, gostava que conseguíssemos que os nossos alunos tivessem a oportunidade de poder fazer os cursos superiores na Madeira”. O desejo é de Carlos Gonçalves, presidente do Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira – Engenheiro Luiz Peter Clode, que espera ver em breve revertida a oferta que a Região perdeu em tempos “porque, a nível nacional, foi feita uma reforma do ensino artístico que fez com que os Conservatórios perdessem a parte do ensino superior para as universidades” do continente.

“A Madeira, na altura, deveria ter defendido” a manutenção dos cursos superiores de música na Região, defende, reforçando que esta “tem todo o direito de ter cursos superiores em artes, começando pela música, que é aquela área onde temos um maior número de alunos”. Para além disso, Carlos Gonçalves não tem dúvidas de que esta oferta formativa ia acabar por atrair alunos de todo o mundo para a Região, e iria também ajudar todos os alunos daquele estabelecimento a prosseguir os estudos superiores que muitas vezes não conseguem suportar financeiramente.

Distância dificulta ensino

Aos microfones da rádio 88.8, durante o programa Manhãs da JM conduzido por Ricardo Relvas admitiu que este “é um período complicado” para o Conservatório devido às aulas à distância, especialmente desafiantes quando se fala de ensino no campo das artes. “No Conservatório, temos disciplinas teóricas que estão a funcionar perfeitamente bem, mas as disciplinas práticas, como o ensino dos instrumentos e as aulas de dança, ou teatro são muito complicadas de se fazer à distância”, refere Carlos Gonçalves, sendo isto algo especialmente notável entre os discentes mais novos.

No que toca ao ensino do instrumento, por exemplo, quando o aluno já o domina – desde a afinação, à colocação correta do instrumento e do corpo – “as coisas até funcionam”, refere, ainda que isto dependa sempre de uma boa rede de internet, fundamental para que haja alguma sincronização, por exemplo, ao nível do som, quando duas pessoas tocam ao mesmo tempo. Quando se trata de crianças mais novas, nomeadamente entre os seis e os dez anos, que estão nos primeiros anos de aprendizagem, a tarefa é dificultada. A isto acresce a “desmotivante” falta de contacto humano entre aluno e professor, particularmente sentida quando se trata de aulas práticas e quase sempre individuais.

“Temos feito todos os possíveis por cumprir o nosso trabalho. Os nossos professores têm feito tudo o que está ao seu alcance, e diria que uma grande maioria dos nossos alunos está motivada para continuar”, afirma Carlos Gonçalves, receoso, contudo, para com a possibilidade de alguns alunos desistirem do ensino artístico devido ao facto de este ser já o segundo ano letivo a decorrer na sombra de uma crise pandémica. “Infelizmente, já tivemos algumas desistências”, lamenta, salientando, porém, que as condições de ensino atuais foram também uma oportunidade para conhecer “os verdadeiros encarregados de educação”.

Quanto aos docentes, apesar de admitir que estes acusam algum cansaço entre toda a comunidade educativa em relação às transições das aulas para a via digital, Carlos Gonçalves acredita que a instituição está “muito melhor preparada” para uma eventual continuação do trabalho remoto. Nesse sentido, “o Conservatório em breve vai lançar um concurso para aquisição de equipamentos informáticos”, anuncia, para colmatar, ao que admite ser “uma falha”, e para que o Conservatório fique, até ao final deste ano, “preparado para uma nova hipótese”.

Arrancam inscrições no Conservatório

A partir desta quarta-feira, 10 de março, abre-se o período de pré-inscrições no Conservatório, uma primeira fase a decorrer até ao dia 19 de março. Posteriormente, entre os dias 22 e 26, acontecem as provas de admissão dos novos alunos. Consoante as vagas sobrantes, a escola poderá abrir uma nova fase de pré-inscrições nos meses de abril e maio. “É muito importante que os encarregados de educação que pretendam inscrever os filhos no Conservatório para o próximo ano letivo, que o façam nesta primeira fase de pré-inscrição para garantir a sua vaga, especialmente ao nível da escolha dos instrumentos”, sugere Carlos Gonçalves.

O período de renovação de matrículas no Conservatório decorre entre os dias 10 e 31 de março.

Qualquer um dos pedidos mencionados deverá ser efetuado com recurso à plataforma online do Conservatório (

A nível de ofertas formativas, há opções que passam pela iniciação à música, pelos cursos profissionais de instrumentista, artes do espetáculo ou dança contemporânea, pelo curso de jazz, até aos cursos livres em artes e formação para adultos.

75 anos assinalados com exposições

Com uma história longa de 75 anos, que partiu da Academia de Música e Belas Artes da Madeira, o Conservatório tem dinamizado várias exposições temáticas para divulgar todos os seus feitos e curiosidades. Atualmente distribuído por 14 edifícios, entre eles oito núcleos espalhados por toda a Região, é “um orgulho” dar a conhecer ao público e à própria comunidade educativa tantas décadas de história.