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Mar 1, 2021 - 3 minute read

Madeira serviu de modelo para a colonização do Brasil

Rui Abreu, diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa, abriu o baú e recordou ao JM a histórica ligação que existe entre a Madeira e Terras de Vera Cruz. A história da emigração madeirense para o Brasil tem já uma vasta e longa história. São cerca de 500 anos de vagas migratórias como detalhou Rui Abreu, diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa.“Existiram grandes saídas nos séculos XVII e XVIII, igualmente em finais do século XIX e durante a primeira metade do século XX”, explicou.O governante com a pasta das Comunidades supõe que essa ligação seja, provavelmente, anterior à descoberta oficial.“Muito possivelmente, teriam partido da Madeira, em inícios ou meados de 1493, as primeiras caravelas que exploraram e demarcaram a localização do território brasileiro, para incorporá-lo na área afeta à coroa portuguesa, definida no Tratado de Tordesilhas, assinado no ano seguinte de 1494”, descreveu.Segundo o diretor regional, “a Madeira serviu também como modelo para a colonização do Brasil”.“Já em 1525, Antão de Leme, natural da Madeira, tinha sido o Primeiro Juiz Ordinário de Santa Catarina, segundo nos dá conta Mota de Vasconcelos, em a Epopeia do Emigrante Madeirense”, destacou.A grande ligação continuou e “seguiram para o Brasil vários elementos ligados à cultura açucareira”. Nos anos seguintes, emigrantes madeirenses “continuavam a integrar a nova câmara da cidade de Salvador da Baía, registando-se igualmente a presença de madeirenses na área de São Vicente e de Santos”. Principal destino“A partir dos meados e finais do século XVI, o Brasil foi o principal destino da emigração madeirense, situação que se manteve até muito recentemente”, recorda Rui Abreu.A construção do Brasil, a partir do século XVI, “fez-se por força da intervenção das gentes do reino, mas também das ilhas”, defendeu.“Nos séculos XVI e XVII, a maior intervenção foi de madeirenses, enquanto que no século XVIII, nota-se a dominância de gentes de origem açoriana, para nas centúrias seguintes termos uma distribuição variada”, explanou.Com a implantação da República em Portugal, a vaga de emigrantes rumo ao Brasil continuou, mas em menor número.Enorme legadoDurante a extensa permanência madeirense em terras de Vera Cruz, Rui Abreu detalha o enorme legado deixado pelas gentes da Região.“Muitos foram os clubes, associações e missões criadas, sobretudo nas principais cidades costeiras brasileiras, mantendo-se vivo, ainda hoje, um património humano e cultural assinalável”, enalteceu.Atualmente, continua a existir alguma emigração “mas o movimento é mais relevante no sentido Brasil-Madeira do que no sentido inverso”.Os emigrantes madeirenses em Terras de Vera Cruz dedicavam-se tradicionalmente à agricultura e ao pequeno comércio, deslocavam-se para o Brasil e não voltavam à Madeira.Nos dias de hoje, “os descendentes têm muito maior formação, distribuindo-se por áreas tão diversas como a medicina e outras áreas qualificadas. Há ainda uma grande maioria ligada ao comércio”.Estima-se que, presentemente, a comunidade madeirense radicada no Brasil ande à volta das 100.000 pessoas, de acordo com o diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa.Nos séculos XVII e XVIII, milhares de famílias partiram para as colónias.Terra de oportunidadesO Brasil apresentava-se como uma terra de enormes oportunidades para os portugueses, sem os perigos que tinham de enfrentar noutras regiões do mundo, atraídos pela exploração do açúcar, do tabaco e, mais tarde, do ouro e pedras preciosas.
“Os fluxos migratórios eram suscitados pelas necessidades de mão-de-obra em inúmeras atividades, em especial as relacionadas com o comércio, a indústria, mas também as plantações de café e de algodão. Os emigrantes europeus, incluindo os madeirenses, foram substituindo esta mão-de-obra”, terminou o diretor regional das Comunidades e Cooperação Externa.