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Mar 4, 2021 - 7 minute read

Madeira fechou 2020 com média de ocupação hoteleira de 29%

Dados ontem divulgados pela Associação da Hotelaria de Portugal apontam para uma taxa de ocupação hoteleira de 28,77%, acima da média total (26%). Alentejo (41,60%) e Açores (17,71%) ocupam os extremos. A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), através da sua presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira procedeu ontem a uma apresentação pública, via videoconferência, dos números da hotelaria relativas a 2020, através de um inquérito nacional realizado entre os passados dias 4 e 28 de fevereiro.

A Região Autónoma da Madeira não escapou, naturalmente, ao ‘colapso’ generalizado, registando-se desde logo o encerramento de unidades hoteleiras, com forte incidência para os meses de abril e maio, com o arquipélago a acompanhar os números nacionais, na ordem dos 85% de encerramentos. Entre julho e outubro as unidades que permaneceram encerradas oscilaram entre os 35% e 25%, voltando a subir em novembro e dezembro, para percentuais na ordem dos 40%, aqui de novo dentro dos números nacionais, onde dezembro fechou com 48% das unidades encerradas.

A Madeira fechou 2020 com uma taxa de ocupação anual de 28,77%, distantes dos 41,60% do Alentejo, mas dentro dos números nacionais, que mostram uma média total de 26%, sendo os Açores, com 17,71%, foi a região mais abalada. Em 2020, o preço médio por quarto na Região foi de 76,66 euros, abaixo da média nacional, que se fixou nos 86 euros. Aqui, o Alentejo volta a se salientar pela positiva, com 110,71 euros, e os Açores pela negativa, com 49,97 euros.

Nas perdas gerais da receita de alojamento em 2020, a Madeira ficou-se pelos 66,49%, ligeiramente melhor que o todo do País, com 69% de perdas. Lisboa com 76,63% e o Alentejo, com 50,83%, apontam os extremos desta quebra de receitas.

Na receita total do setor, o País perdeu, em 2020, 3.270 milhões de euros, ou seja 73%, com ponto alto em Lisboa (80,02%) e Açores (81,20%) nesse recuo de entrada de valores, onde a Madeira se posicionou nos 70,74%, ligeiramente abaixo do percentual nacional.

Dentro da crise, ainda foi o próprio mercado nacional o maior contribuinte para receitas no ‘retângulo’, com 89%, seguindo-se o contributo de Espanha (63%) e França (45%), que mantiveram alguma fidelidade. Estes números na Região não são semelhantes, desde logo pelos condicionalismos no aeroporto. Ou seja, enquanto ‘aberta’, sobreviveu à custa dos mercados alemão, britânico e português, com alguma expressão também nos franceses e holandeses, mas sem qualquer contributo espanhol e/ou italiano.

No capítulo das reservas reembolsáveis, ao longo de 2020, a média do país foi de 61%, acima da Madeira (55%) e abaixo dos Açores (72%). Neste particular, a média nacional de cancelamentos de reservas na hotelaria foi de 48%, com pontos altos no segundo trimestre, no qual 80% dos inquiridos disse ter tido cancelamentos entre os 60% e os 100%, num cenário muito idêntico ao registado no arquipélago madeirense, com números ainda ‘inflacionados’ pela normalidade que pairou na maior parte do primeiro trimestre.

No todo nacional, durante o período de encerramento, 76% dos inquiridos não deram qualquer uso à unidade hoteleira, enquanto 17% serviu de alojamento para profissionais de saúde. Reuniões (8%), escritórios (6%), ensino e formação (4%) e habitação (3%) foram outras alternativas utilizadas para esbater a perda de receitas.

Ainda nas contas nacionais, 96% das unidades recorreram ao lay off simplificado, 75% ao apoio à retoma progressiva e 31% à ‘linha covid’, entre outras alternativas de apoio. Apenas 1% diz não ter aderido a qualquer programa e outro 1% aproveitou para despedimento coletivo. Mas este percentual não acomoda contratos não renovados ou cessação de serviços por mútuo acordo.

 

 

30% não sabe ainda se abre este ano

As tendências para este ano de 2021 também foram objeto de inquérito pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), relevando um grande pessimismo das empresas ligadas ao setor do alojamento hoteleiro. Antes ainda, temos os dados reais dos dois meses já percorridos, com uma taxa de encerramento na Região de 55,56% e ainda 7,41% que se encontram abertos, mas com manifesta diminuição de serviços. No todo nacional, a taxa de encerramento, meses dois meses, foi de 64,12%, com expoente máximo no Algarve: 80%. Açores (69,57%) também está acima da média nacional.

Nas projeções de reabertura, abril aponta para cerca de 40%, atingindo-se médias na ordem dos 70% apenas a partir de junho. Percentuais, de resto, partilhados pelos hoteleiros da Região, sendo que os mais otimistas são os algarvios e os alentejanos, com percentuais de reabertura, previstos, entre os 80% e os 90%. Os canais de distribuição da procura na Região equiparam-se, entre o booking e o próprio website.

O impacto do anúncio da vacina nas reservas, foi outra das questões. Cerca de 30% dos inquiridos na Região disseram que sim, que teria impacto, mas cerca de 80% responderam que não. Nas reservas para 2012, Reino Unido, Alemanha e Portugal continuam a pontificar na Região, mas as expetativas nacionais são ainda algo frágeis, com a média máxima de reservas situada apenas nos 25%, em setembro.

Nas expetativas de taxas de ocupação e de cancelamento as opiniões dividem-se, de acordo com as incertezas do mercado e apenas nos 3.º e 4.º trimestres as previsões de ‘melhor’ e ‘muito melhor’ que em 2020 ganham alguma notoriedade. Até lá, dominam o ‘pior’ e o ‘igual’.

Numa visão mais alargada, a Associação da Hotelaria de Portugal também questionou a perspetiva de retoma para os níveis de 2019. Aqui o pessimismo é deveras generalidade. Apena s1% acredita que seja já no segundo semestre de 2021 e 7% no primeiro semestre de 2022. Nesse vaticínio, temos ainda as seguintes perspetivas: 2.º semestre de 2022 (30%), 1.º semestre de 2023 (18%), segundo semestre de 2023 (19%) e 24% empurram mesmo tão somente para 2024.

Em suma, 2021 “vai ser um ano muito, muito tímido em termos de aberturas. Vai ser um ano ainda pobre em termos de oferta de alojamento, porque, naturalmente, vai haver ainda muito pouca procura”, salientou Cristina Siza Vieira, a presidente executiva da AHP.

De resto, considera “perturbador” que 30% dos inquiridos não tenham perspetiva de abrir as suas unidades ainda em 2021, embora assuma que será muito residual, na ordem de 1% aqueles que admitem ter encerrado já de vez.

 

114.500 dormidas em janeiro

De acordo com a estimativa rápida, divulgada ontem pela Direção Regional de Estatísticas, em janeiro de 2021, o setor do alojamento turístico deverá ter registado a entrada na Madeira de 17,6 mil hóspedes e a realização de 114,5 mil dormidas, o que corresponde a variações homólogas de -77,3% e -78,4%, respetivamente (‑63,9% e -65,9% em dezembro, pela mesma ordem).

Para efeitos de comparabilidade com os dados divulgados pelo INE é necessário excluir o alojamento local com menos de 10 camas, sendo que segundo esta lógica de apuramento de resultados, as dormidas do alojamento turístico apresentam um decréscimo de 81,2% relativamente a janeiro de 2020, uma variação mais penalizadora que a verificada a nível nacional (-78,2%).

As dormidas de residentes em Portugal na Região terão diminuído 57,9% (-45,1% em dezembro) atingindo as 23,4 mil e representando 20,5% do total, enquanto as de não residentes terão decrescido 80,8% (-68,8% no mês anterior), situando-se em 91,1 mil. Os hóspedes entrados com residência no País terão sido 7,1 mil, o que se traduz num decréscimo de 58,0% (-45,7% em dezembro) estimando-se os hóspedes não residentes em 10,5 mil (recuo homólogo de 82,7%, mais pronunciado que no mês anterior em que foi de 69,8%).

Na Região, os principais mercados emissores de não residentes apresentaram quebras bastante significativas nas dormidas no respetivo mês. O mercado britânico foi o que registou a quebra mais acentuada com -91,7% de dormidas (‑66,7% em dezembro), seguido do francês com -78,9% (-75,3) e do alemão com -61,1% (-55,4% no mês anterior).

Em janeiro, 56,1% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes. A hotelaria contabilizou, no mês de referência, 58,8% dos estabelecimentos com movimento de hóspedes (60,7% em dezembro).

No país, em janeiro de 2021, os residentes em Portugal (peso de 60,1%) contribuíram com 427,0 mil dormidas, o que representou um decréscimo de 60,3% (-54,2% em dezembro). As dormidas dos mercados externos diminuíram 87,0% (83,2% no mês anterior) e atingiram 282,9 mil.