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Apr 14, 2021 - 4 minute read

Líder do CDS-M recebeu na sua conta empréstimo de financiador do Chega

Caiu como uma bomba a notícia de que o líder do CDS-Madeira, Rui Barreto, recebeu diretamente na sua conta bancária e na de outros quatro membros do partido 29.880 euros provenientes de César do Paço, o conhecido financiador do Chega. A informação surgiu ontem à noite na reportagem da SIC ‘A grande ilusão’, a que o Expresso logo depois deu expressão, num extenso artigo onde aponta o caminho do dinheiro, que surgiu em forma de ‘empréstimo’ concedido a escassas semanas das eleições regionais que levaram o CDS ao Governo de Miguel Albuquerque. De acordo com o Expresso, César do Paço, ex-cônsul de Portugal em Cabo Verde e conhecido financiador do Chega, “financiou parte da campanha eleitoral do CDS-Madeira em 2019, altura em que o PSD perdeu a maioria absoluta e os centristas entraram no Governo”.
O jornal refere que o financiamento se deu por via de transferências diretas para a conta bancária de Rui Barreto, líder do CDS na Madeira, e de mais quatro membros do partido, num total de 29.880 euros”.
Terão sido várias transferências diretas no “valor aproximado de cinco mil euros não só para a conta de Rui Barreto como também para a de Gonçalo Nuno Santos, adjunto de Rui Barreto na Secretaria Regional de Economia, que recebeu duas vezes em duas contas distintas, e para a de outras três pessoas ligadas ao partido que o próprio líder do CDS descreve, em respostas à SIC, como pessoas da sua ‘maior confiança’”. Os outros três elementos terão sido Luís Filipe Santos, Gonçalo Camacho e Vítor Barreto. O Expresso acrescenta que as quantias foram transferidas “um dia depois de Rui Barreto ter conhecido, em Lisboa, César do Paço”, que chegou a ser militante e assumido financiador (através de donativos) do CDS, como escreveram as revistas ‘Visão’ e ‘Sábado’.
Dificuldades financeiras O encontro aconteceu a 6 de agosto de 2019, a seis semanas das eleições na Madeira, e as transferências foram feitas no dia seguinte, revelou a SIC na reportagem.
Em julho de 2020, o advogado de César do Paço enviou um email a Rui Barreto, a que a SIC teve acesso, a exigir a devolução da quantia. “Por essa altura, o CDS passava por dificuldades financeiras na Madeira e tinha pedido, sem sucesso, um empréstimo à Caixa de Crédito Agrícola. A campanha fez-se e o CDS, vendo o PSD a perder a maioria absoluta nas sondagens, colocou-se como o fiel da balança afirmando, taxativamente, que estava disponível para se coligar no Governo com quem ganhasse - para evitar o ‘poder absoluto’”, relata ainda o jornal.
Conta o Expresso que para ser um donativo legal ao CDS, o montante transferido não podia ser superior a 10.400 euros e, no caso, o montante corresponde quase ao triplo. “Em respostas à SIC, Rui Barreto afirma que foi, de facto, um empréstimo, aconteceu porque o partido estava com dificuldades financeiras nas vésperas das eleições e o empresário ofereceu-se para ajudar”. Dez dias após questões da SIC Mas o dinheiro não entrou “nas contas do partido mas sim nas contas pessoais do líder do CDS-Madeira, do presidente da concelhia e de mais três pessoas próximas de Barreto, incluindo familiares”. Questionado sobre o porquê de o empréstimo não ter sido logo pago quando as contas do partido foram regularizadas, nomeadamente após as eleições, Rui Barreto escudou-se na pandemia e no facto de o advogado de César do Paço ter “desaparecido”.
“Certo é que o pagamento acabou por ser feito mas apenas dez dias depois de a SIC ter feito as questões ao líder do CDS-Madeira”, acrescenta. O empréstimo foi feito a título pessoal, sem juros, em agosto de 2019; as eleições decorreram em setembro e a devolução do dinheiro foi feita em fevereiro de 2021, já depois das perguntas do jornalista”.
PS M quer explicações Entretanto, em comunicado, o PS-Madeira defendeu ontem que Rui Barreto e o CDS devem explicações aos madeirenses”, perante “uma situação gravíssima e que exige um esclarecimento imediato, cabal e rigoroso sobre o relacionamento entre o principal financiador do Chega e o líder do CDS-Madeira”. O PS considera ainda que, além de Barreto, “o próprio presidente do Governo Regional deve uma explicação aos madeirenses. É fundamental perceber se Miguel Albuquerque e o Governo que lidera se reveem neste tipo de comportamento”, pode ler-se no comunicado, onde acrescenta que “desenvolverá as ações políticas e jurídicas que considerar necessárias para o total esclarecimento da situação”. FOTO JOANA SOUSA