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Apr 30, 2021 - 4 minute read

José Manuel Rodrigues preside encerramento do aCORDE com honra, orgulho e gratidão

Honra, orgulho e gratidão foram as palavras escolhidas pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira para demonstrar o apreço pelo trabalho de todos aqueles que têm contribuído para a valorização e divulgação dos cordofones tradicionais madeirenses.  José Manuel Rodrigues falava no âmbito da sessão de encerramento da IV edição do aCORDE, evento com a chancela da Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, que o parlamento regional acolhe desde a primeira edição. “Honra, por receber-vos nesta casa, a casa da Democracia e da Autonomia, representativa de todos os madeirenses e porto-santenses. Queiram acreditar que é com enorme honra que aqui vos recebo, nesta tarde de homenagem que se presta a todos aqueles que contribuem para que os cordofones tradicionais madeirenses tenham, cada vez mais, um relevo no panorama musical da nossa Região, no panorama nacional e nas pontes estabelecidas com outros países”, notou o Presidente do parlamento, justificando, de seguida, a escolha da segunda palavra, orgulho: “É realmente um orgulho que, no sistema educativo regional, os cordofones tenham o relevo que têm vindo a registar nas atividades escolares. Tive oportunidade de estar na Comissão de Educação da Assembleia da República e pude testemunhar o quanto é apreciado aquilo que se faz a nível da música nas escolas da Região Autónoma da Madeira. E isso leva-me à terceira palavra, gratidão, a todos aqueles a quem devemos o empenho e o trabalho que vem sendo efetuado”.

José Manuel Rodrigues fez, ainda, questão de reafirmar a importância da identidade cultural na defesa de uma autonomia mais profunda e sólida, vincando que “foram os elementos da nossa cultura que levaram a que tivéssemos oportunidade de aspirar a sermos donos do nosso próprio destino”. “Um dos fundamentos para termos a nossa Autonomia é a descontinuidade territorial, mas outro fundamento é a nossa cultura forjada ao longo de 600 anos. No mundo globalizado em que estamos, cada vez mais será importante a singularidade dos povos”, concluiu.

O secretário regional de Educação, Ciência e Tecnologia teceu, igualmente, rasgados elogios a todos aqueles que têm abraçado a paixão pelos nossos cordofones, permitindo a sua afirmação e longevidade, fruto de um caminho de entrega e persistência. “Passou-se do popular para a sistematização, do voluntarismo para o conhecimento, do lúdico para o curricular”, afirmou, aludindo a todos “os que tocam, os que ensinam, os que constroem” e sublinhando que os homenageados neste último dia do aCORDE “são o símbolo do conhecimento e da transmissão desse conhecimento.” No final, Jorge Carvalho deixou um apelo: “vamos manter este património e afirmá-lo como nosso, para que possa perdurar”.

O evento, que decorreu no Salão Nobre da Assembleia Legislativa, abriu com uma conferência proferida pelo investigador Paulo Esteireiro, intitulada “O processo de valorização dos cordofones tradicionais da Madeira: de Carlos Santos ao Parlamento”, uma viagem pela história destes instrumentos musicais e do seu percurso de afirmação ao longo do tempo, narrada por uma das vozes que, no campo da investigação, mais se tem erguido em prol do conhecimento, reconhecimento e preservação deste património. 

Logo após a conferência, procedeu-se à entrega do Prémio Cândido Drummond de Vasconcelos, que distingue instrumentistas de cordofones tradicionais madeirenses, e do Prémio Carlos Santos, atribuído a individualidades ou instituições que tenham contribuído de forma decisiva para o engrandecimento dos cordofones. 

O Prémio Carlos Santos foi entregue aos professores Virgílio Caldeira, Manuel Spínola e Eleutério Corte, pelos seus trabalhos pedagógicos e artísticos de divulgação dos cordofones madeirenses. Uma distinção que Virgílio Caldeira muito agradeceu, não esquecendo tantos outros que poderiam receber o troféu. “É muito significativo para nós, mas muitos podiam estar aqui, hoje, a receber este troféu. Nunca pensei que, em 2021, estaria aqui a receber esta homenagem. Os nossos contributos permitiram tirar alguns cordofones das ‘teias de aranha’ (…) Os cordofones estão muito presentes, sempre estiveram presentes na minha casa e nas casas das famílias madeirenses. Agradeço a todos os que tornaram possível este momento e agradeço ao Governo Regional a aposta nos cordofones”. 

Vítor Sardinha, professor, cordofonista, compositor e investigador, foi agraciado com o Prémio Cândido Drummond de Vasconcelos, tendo dirigido as primeiras palavras de agradecimento ao também músico e investigador Rui Camacho e ao Presidente do Conservatório, Escola Profissional das Artes da Madeira, Carlos Gonçalves. Prosseguiu com “uma palavra de apreço aos novos tocadores e aos alunos finalistas do Conservatório, apelando ao “apoio” dos novos mestres violeiros. Agradeceu, ainda, a dois grandes nomes desta arte, também eles presentes no evento, Roberto Moniz e Roberto Moritz. Vítor Sardinha dedicou o prémio aos seus quatro filhos.