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Mar 22, 2021 - 2 minute read

Japão acusa dois norte-americanos de cumplicidade na fuga de Carlos Ghosn

Procuradores japoneses acusaram hoje dois norte-americanos de terem ajudado o antigo patrão da Renault-Nissan Carlos Ghosn a fugir para o Líbano em dezembro de 2019, quando enfrentava acusações de irregularidades financeiras. “A unidade especial de investigação [da Procuradoria de Tóquio] pediu ao Tribunal Distrital de Tóquio a realização de um julgamento para ambos os arguidos” em relação às acusações, disseram os procuradores numa declaração.

Um antigo agente das forças especiais dos Estados Unidos Michael Taylor, atualmente na atividade de segurança privada, e o filho Peter foram extraditados dos Estados Unidos no início deste mês, depois de esgotados todos os recursos possíveis.

Os dois foram levados para o centro de detenção de Kosuge em Tóquio, onde Ghosn esteve detido durante 130 dias entre novembro de 2018 e abril de 2019.

Michael e Peter foram detidos em maio pela Justiça norte-americana, ao abrigo de um mandado de captura japonês. Considerados detidos com “alto risco de fuga”, os dois permaneceram sob custódia dos EUA.

Em 2019, na manhã de 31 de dezembro, o Japão descobriu, com espanto, que um dos seus mais famosos indiciados tinha fugido para o Líbano.

Dois dias antes, ainda sob fiança e à espera de julgamento por alegado delito financeiro na Nissan, o franco-libanês-brasileiro tinha deixado tranquilamente a sua casa em Tóquio para Osaka (oeste), de comboio com dois cúmplices.

Suspeita-se que tenha escapado ao controlo no aeroporto internacional de Kansai, nos arredores de Osaka, por estar escondido numa grande caixa de equipamento áudio a bordo de um jato privado. Na altura, as autoridades japonesas não obrigavam ao controlo de bagagens neste tipo de aparelhos.

Ghosn chegou a Beirute, em 30 de dezembro, após uma ligação em Istambul (Turquia).

Num documento dos procuradores norte-americanos é referida “uma das fugas mais descaradas e bem orquestradas da história recente”.

O magnata automóvel deposto, alvo de um mandado de detenção da Interpol, está fora do alcance da Justiça japonesa porque o Líbano não extradita cidadãos. No entanto, a magistratura libanesa proibiu Ghosn de sair do país.