Ashlie McIvor, investigadora escocesa de 25 anos, está na Madeira para investigar o impacto do lixo existente nos oceanos e nas espécies marinhas. Em entrevista ao Observador, a bióloga marinha, que vive no Funchal desde janeiro, revelou que quer estudar os riscos e possibilidades de conservação de predadores como golfinhos, lobos-marinhos, raias, e até, “possivelmente, tubarões”.

“Na ilha da Madeira há um grande foco em baleias e golfinhos, sabemos onde estão e quantos existem – e isso é ótimo porque permite uma base importante para seguir em frente – mas dá-se o oposto em relação a tubarões e raias. Essa é uma das lacunas que espero também vir a preencher”, revelou Ashlie McIvor a esta publicação, reconhecendo ainda que o facto destes predadores permanecerem muito perto da costa, torna-os muito vulneráveis à ação humana, dado também o facto de que a pesca é uma fonte de rendimento na ilha.

Tendo isto em conta, a investigadora revelou que um dos seus objetivos é tentar mudar alguns comportamentos para diminuir o impacto sobre estas espécies, tentando compreender como é que estas interagem com “o seu ecossistema e como são afetadas pelo ambiente e pelas pressões antropogénicas”.

Isto é, a ideia é perceber como “o lixo marinho, tráfego marinho (como barcos de pesca, comerciais e de turismo) [e] material de pesca descartado, detritos marinhos, como plástico” afetam “a presença e a distribuição dos predadores marinhos da Madeira”.

Para além do mais, se tudo progredir conforme o previsto, o trabalho de Ashlie McIvor vai permitir apresentar um “mapa de densidade”, através de sistema de informação geográfica, que identifica onde estão as espécies de predadores marinhos e o lixo. Cruzando essa informação com mapas prévios, será possível entificar os riscos para a fauna marinha.,

Esta investigação, que deverá durar cerca de três anos, é realizada em parceria com o polo local do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, que já conta com uma base científica acerca das matérias em estudo.