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Mar 7, 2021 - 7 minute read

Idalino inicia despedida com balanço ao mandato

Em dia de aniversário natalício, o presidente da Câmara Municipal do Porto Santo deixou esta manhã, nas redes sociais, um balanço, em jeito de desabafo, acerca do trabalho feito na autarquia, mas também daquilo que o moveu enquanto representante de todos os porto-santenses. Diz que não sai magoado com ninguém e com a consciência tranquila e limpa, pois afirma ter sido “justo e correto” e trabalhado de forma franca. Anunciando que o mandato está a chegar ao fim, refere que “é fundamental efetuar um balanço sobre o trabalho global realizado”, pretendendo, neste momento, “efetuar uma declaração pública sobre a atual situação política do Porto Santo”.

Explicando que este “foi um mandato extraordinariamente exigente, desde o seu início”, Idalino Vasconcelos afirmou que “é um balanço claramente positivo”.

“Tenho de reforçar que iniciamos o mandato, no dia 20 de outubro de 2017, sem maioria no Executivo municipal. Recordo que o elenco municipal foi composto por dois vereadores do PSD, dois do PS e um do Mais Porto Santo. Desde cedo, foi necessário efetuar negociações exigentes, sempre debaixo de grande escrutínio popular e grande desgaste. Tal situação marcou, vincadamente, quase todo o mandato, até janeiro de 2020, altura em que passamos a ter maioria, mesmo antes de entrar na situação pandémica, Covid-19. Tudo isso dificultou o cumprimento das medidas sufragadas, sob uma forte pressão, quer por parte da vereação do PS, quer por parte do Mais Porto Santo, entre outros”, pode ler-se na publicação.

Disse ainda que a sua prioridade foi “governar a Câmara Municipal, em prol do interesse público e do nosso povo”.

“A Câmara está, sem sombra de dúvida, numa situação muito melhor do que aquela que a encontramos. Ao longo deste mandato, foi o nosso foco o pagamento e negociação das dívidas acumuladas, numa verba superior a 5 milhões de euros. (o que é equivalente a mais do que um orçamento municipal anual) ao longo dos últimos anos concretizamos as seguintes medidas: Efetuamos a maior operação de investimento da história deste município, com orçamento próprio, com a aquisição do edifício de serviços públicos, por 1,5M€, em 2019; Diminuímos o prazo de pagamento das aquisições, de 248 dias, no último trimestre de 2017, para 13 dias, em 2020. Reduzimos largamente o número de processos judiciais; Negociamos acordos de pagamento com a empresa Farrobo, com uma poupança à volta dos 200.000€, face aos valores contabilizados; Valorizamos os nossos colaboradores e concretizamos a progressão na carreira de 13 funcionários; Apostamos nas políticas sociais e fizemos um contrato de delegação de competências, pela primeira vez, com a Junta de Freguesia, no valor global de 160,000, ao longo do mandato; Apoiamos as famílias com 500,00€ por cada nascimento e investimos, nesta medida, só em 2019, cerca de 13.000€. Investimos, em 2019, 15 mil euros na educação e nas escolas, oferecendo quadros interativos, de valor superior a 8 mil € e investimos em manuais escolares, pela primeira vez, cerca de 6,600 €, a 179 alunos do 1.º ciclo do ensino básico. Vamos promover o “Mérito Escolar” e incentivar o desempenho escolar, numa aposta orçada em cerca de 3,000€”, descreve.

Relembrou ainda que fomentou “diversos programas de emprego, dando trabalho a cerca de mais de 60 funcionários na câmara, apoiando diretamente os desempregados, no reforço social à população do Porto Santo” e que reconstruiu a calçada e recuperou o Largo das Palmeiras, trazendo “dignidade ao local”.

“Requalificamos um pequeno novo jardim público no centro da cidade; Lançamos o procedimento para a empreitada de obras públicas “repavimentação de estradas e de passeios do concelho do porto santo”, com um valor base de 674.085,09€. Lançamos a medida de apoio ao Comércio local, denominada “Eu compro aqui”, com um apoio de 30.000€, que está ser muito bem recebida pela população. Adquirimos novos equipamentos para manutenção de espaços verdes e limpeza urbana; Recuperamos viaturas com avarias que se encontravam fora de serviço ou em quase em sucata. Estamos a adquirir outras completamente novas; Adquirimos um palco coberto para eventos musicais e criamos novas barracas de comes e bebes para as festividades; Requalificamos os exteriores do Canil / Gatil; Colocamos bombas elevatórias nos balneários municipais da Fontinha e no WC da Alameda; Instalamos nova rede elétrica no edifício dos Paços do Concelho; Recuperamos a rotunda de são Pedro, por conta do projeto da Assembleia Municipal Jovem; Estamos atualmente a adquirir um novo parque infantil no valor de 60,000€; Isto e muito mais. Posso afirmar, com orgulho, que consolidamos o nosso endividamento, temos uma autarquia financeiramente saneadas e com as contas em dia, completamente diferente do que aquela que encontramos quando entramos em 2017. Pela primeira vez, o saldo de gerência (1,5M€), que acaba de ser aprovado pela Assembleia Municipal, e será utilizado para investimento e não para pagamento de dívidas”, congratulou-se.

Acerca das pessoas que com ele trabalharam, o autarca diz que esteve “acompanhado por uma equipa constituída por pessoas extraordinárias, competentes e íntegras, que deram de si, para esta causa e que merecem o meu justo reconhecimento. É meritória uma palavra especial ao meu vice-presidente, Pedro Freitas, à vereadora Sofia Santos, ao meu chefe de gabinete, Élvio Sousa, os meus chefes de divisão, Dinarte Silva e Ana Bela Santos, aos secretários José António Vasconcelos e Vânia Ornelas. Eles foram fulcrais, todos os dias, que me apoiaram sempre, nas minhas tomadas de decisão. A eles deixo o meu reconhecimento e agradecimento, bem como aos colaboradores do Município do Porto Santo. Tudo funciona quando somos uma grande equipa”, declarou.

“Tenho, ainda, plena consciência que em política, o reconhecimento não é imediato. Mas é certo que com pouco fizemos muito e tenho a certeza que iremos continuar a colocar o Porto Santo no lugar que merece. Adiamos algumas situações que podíamos ter feito melhor. A razão, nem sempre, esteve sempre do meu lado e por isso afirmo que o nosso trabalho foi digno. No entanto, tenho consciência que a população não compreendeu o nosso trabalho e as medidas tomadas. Julgo que houve incompreensão, também devido ao desgaste da pandemia, mas fruto de outros fatores, que não dependeram diretamente de nós. Ao longo do mandato houve, permanentemente, uma intoxicação da opinião pública, por vários atores, que contaminou severamente a perceção do nosso trabalho, talvez devido à tal incompreensão que referi. Este fenómeno pôs em causa o trabalho sério que se realizou, trazendo muita poeira e ruído que prejudicou claramente o exercício do meu mandato. Tenho a convicção que dei e demos o nosso melhor, mas também posso afirmar que nunca senti o apoio necessário, em vários níveis. Além do ruído que falei atrás, houve algumas personalidades afetas ao meu partido que não ajudaram em nada, pelo contrário, foram mais oposição interna que a própria oposição tradicional, que ao logo deste meu mandato, optaram por criticar silenciosamente, minando a própria opinião pública. Alguns militantes e simpatizantes, por fatores que não são totalmente claros, nunca reconheceram em mim a capacidade de liderar, apesar de todas as medidas que tomamos. Em função das variáveis, com as quais trabalhei, foi humanamente impossível fazer mais ou melhor com os recursos que tinha à minha disposição, mas engoli sapos bem verdes, porque acreditei que havia boa vontade, o que nem sempre houve. E quem está por fora, nem sempre vê isso, o que é lamentável”, confessou.

“O meu trabalho está feito. Há mais vida para além da política e de presidente da Câmara. Por isso, o Porto Santo não pode andar para trás e é com sentido de responsabilidade que, em função do que está à minha frente, estou de saída com a consciência de missão cumprida. Estou certo que o PSD irá encontrar as melhores soluções, para o Porto Santo. Não serei parte do problema, serei sim, parte da solução, porque amo a minha terra. Qualquer militante do PSD tem de estar disponível para os desafios que lhes forem colocados. É preciso escolher os melhores, para que o poder não caia nas mãos de qualquer um. Um presidente tem de ser justo e correto e sem querer para si o que é dos outros. O progresso do Porto Santo não pode ser ofuscado por interesses pessoais e tem de trabalhar, de forma construtiva, com o Governo Regional. Só assim esta ilha vai para a frente”, afirmou.

Revelou que sai no final deste mandato, “com a convicção que agi de forma íntegra, correta, justa e honesta. Combati um bom combate e vou dar por terminada a minha carreira política, em outubro. Guardo em mim, todos os bons momentos e as amizades que cultivei, guardo em mim, aqueles que me ajudaram, mas também guardo para mim, todos aqueles que me prejudicaram ao longo da minha vida política, em especial neste mandato. Não vou sair magoado com ninguém, mas vou sair com a consciência tranquila e limpa, pois fui justo e correto e trabalhei de forma franca”, salientou.

“Fui feliz na entrada e vou ser feliz na saída.Sempre, mas sempre de cabeça erguida”, terminou.