madeira news

Mar 3, 2021 - 3 minute read

Flexibilidade usada na TAP seria muito útil se estendida às restantes empresas, diz a APAVT

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) diz que o Governo aprendeu com a TAP que, “às vezes, permitindo algum desemprego, salva-se imenso emprego”, defendendo que essa flexibilização seja estendida às empresas. Em entrevista à Lusa, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, já tinha afirmado, antes, concordar com os apoios do Estado à companhia aérea, cujo um eventual desaparecimento apelidou de “hecatombe” para o turismo e consequente recuperação económica nacional, no entanto, diz que a este propósito é “importante” – para se pensar sobre o setor, “sobre as relações com o Governo e sobre os apoios” – ver o modelo adotado.

“(…) o Governo precisou de salvar a TAP e para salvar a TAP dotou-a de um pacote que foi exatamente o pacote que proibiu todas as empresas seguirem, que é um conjunto no mesmo tacho da sopa de apoios: despedimentos e redução de salários”, afirmou.

Ou seja, o Governo, reforçou o responsável, “adotou para a empresa de casa que necessitou de salvar a máxima flexibilidade, provando que muitas vezes é necessário adotar flexibilidade para se salvar uma empresa. Seria de muito bom tom e muito útil para a economia portuguesa que o Governo percebesse isso e que adotasse agora, neste momento tão crítico da retoma, essa flexibilidade ao restante das empresas portuguesas”.

“O Governo aprendeu que, às vezes, permitindo algum desemprego, salva-se imenso emprego”, resumiu, acrescentando que o número de postos de trabalho em causa na companhia “não é tão pequeno assim”.

Questionado se a APAVT se junta, então, aos apelos da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) que, nos últimos anos, tem vindo a pedir uma maior flexibilização da legislação laboral no setor, Pedro Costa Ferreira respondeu: “Absolutamente”.

“É necessária mais flexibilidade. Julgo que fixar emprego não é impedir desemprego. Muitas vezes um pequeno número de desempregados salvam um grande número de empregados”, afirmou.

Instado a concretizar uma medida específica que a associação considera essencial nestes tempos, o responsável fala nas quotas de enquadramento para as empresas procederem a despedimentos ou extinções de postos de trabalho.

“Há quotas de possibilidade de desvinculações nas empresas, há tetos máximos neste momento, provavelmente flexibilizando à séria essas quotas estaríamos, pelo menos, no caminho certo. Haverá caminhos mais efetivos de maior flexibilidade. Percebo que nós estamos a dialogar com o Governo e o Governo está a dialogar com uma Assembleia da República, da qual depende e necessita apoio, que terá um outro enquadramento de todos estes problemas e uma outra visão. Sei bem que temos sempre de nos encontrar a meio do caminho, mas essa seria, por exemplo, uma boa sugestão: que aumentassem as quotas relativamente às quais podemos enquadrar despedimentos ou extinções de postos de trabalho”, considerou o responsável.