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Feb 21, 2021 - 2 minute read

Ficava com pensão de dois mil euros da mãe, mas deixou-a morrer à fome

O caso remonta a agosto de 2020, mas só agora é que o Ministério Público deduziu a acusação. Carlos Rosa, um antigo radialista de 54 anos, é acusado de se ter apropriado da pensão da mãe, de dois mil euros, e de ter a deixado morrer à fome, no quarto onde, durante meses, passou apenas a leite e água. De acordo com a notícia trazida este domingo pelo Jornal de Notícias (JN), Isabel Velez, de 82 anos, definhava com fome na sua casa em Grândola, enquanto o filho, dependente do álcool, passava os dias a ver televisão.

Conta o jornal que o homem recorria a ambientadores para disfarçar o mau cheiro que saía do quarto onde a mãe, acamada, já não saía há muito tempo. Aliás, era ali, na cama, que a mulher fazia as suas necessidades. “A última vez que terá comprado comida para a mãe, uma sopa, foi em janeiro de 2020. No entanto, pedia ao merceeiro para lhe entregar em casa água, chá, sopas Knorr, tabasco, carne do lombo, leite, mel e marisco congelado”, pode ler-se na notícia.

Também a última vez que a idosa foi ao hospital foi em 2018. Já nessa altura tinha ficado internada dois dias, no Hospital do Litoral Alentejano, “em desidratação e péssimo estado geral”.

Isabel Velez acabou por falecer, em pleno mês de agosto, mas com roupa de inverno, por “falência multiorgânica, por falta de alimentação e ausência de movimentos”. 

O Ministério Público (MP) imputou ao antigo radialista de uma estação de Santiago do Cacém um crime de homicídio qualificado.

Argumenta que a morte foi produzida em circunstâncias que revelam “especial censurabilidade ou perversidade”, por a vítima ser mãe do arguido e ser “particularmente indefesa, em razão idade”.

Além disso, revela o JN, “o MP invoca o preceito do Código Penal que diz que comete homicídio qualificado quem “empregar tortura ou ato de crueldade para aumentar o sofrimento da vítima”. Se o Tribunal de Setúbal der a acusação por provada, o arguido pode apanhar uma pena de prisão entre 12 e 25 anos”.

De salientar que foi o filho que deu o alerta para as autoridades, quando percebeu que a sua mãe não respirava.

A GNR acorreu ao local e entendeu que poderia estar perante um cenário de crime.