Será em novembro e não em maio, como havia sido inicialmente projetado pela Câmara Municipal do Funchal, a edição de 2021 da Feira do Livro do Funchal. Contudo, o tema do certame, como tinha sido anunciado pelo JM em novembro passado, manter-se-á o mesmo e será dedicado ao escritor e Nobel da Literatura José Saramago. De acordo com Miguel Silva Gouveia, que ontem recebeu, nos Paços do Concelho, a doação de um exemplar de cada obra de José Saramago, pelas mãos da sua filha, Violante Saramago Matos, a escolha do mês de novembro prende-se não só com o facto de ser neste mês que o escritor celebrava o seu aniversário (dia 16), mas também porque se espera que, nesta altura, a situação pandémica esteja já controlada, permitindo a realização de eventos com um maior número de público.
Mesmo ainda estando “tudo em aberto”, o presidente da autarquia tem fé que seja possível realizar este evento, dentro dos moldes que eram realizados até à chegada da pandemia. Se assim não for, a autarquia pondera voltar a realizar o evento como aconteceu em outubro passado, na Praça do Município, com limitação de entradas dentro do recinto da feira. A realizar-se na Placa Central da Avenida Arriaga, o programa desta feira, cuja organização custará à CMF cerca de 80 mil euros, já começou a ser preparado e contará com a curadoria de Violante Saramago Matos. Uma função que a própria disse assumir “com o sentimento de uma enorme responsabilidade", até porque a missão lhe vai exigir muito em termos emocionais. “Não se trata de um escritor qualquer, não se trata só de um prémio Nobel, mas trata-se do meu pai”, afirmou, salientando que, “provavelmente, vou chorar muito, algures pelo caminho”.
Feira com muitas novidades
A edição deste ano da Feira do Livro terá, segundo Miguel Silva Gouveia, “muitas novidades” e a participação de, pelo menos, seis autores de renome internacional. Será também levada ao palco do Teatro Municipal Baltazar Dias uma peça musicada sobre a obra ‘O conto da ilha desconhecida’, de José Saramago, e realizada uma “conversa” sobre a vida e obra do escritor, que juntará Pilar del Rio (viúva de José Saramago), Violante Saramago Matos e Carlos Reis, o responsável pela programação das comemorações do centenário do autor, falecido aos 87 anos, no dia 10 de junho de 2010. Confiante que o Funchal terá uma feira do livro “excecional", Miguel Gouveia revelou por fim que o evento vai decorrer entre 12 e 21 de novembro.
Mais de 30 livros doados
Violante Saramago Matos doou ontem à Câmara do Funchal toda a obra publicada pelo pai, José Saramago. São mais de 30 livros, editados pela Porto Editora, que vão passar a estar disponíveis para leitura na Biblioteca Municipal do Funchal.
Para simbolizar a doação, a filha do Nobel da Literatura entregou nas mãos de Miguel Silva Gouveia dois livros: ‘Ensaio sobre a Cegueira’ e ‘A Caverna’, obras que, na sua opinião, acabam por retratar o estado atual do mundo.
Deixando um “profundo reconhecimento e agradecimento” pela oferta “deste património incontornável, não só da cultura portuguesa, mas também da literatura europeia e mundial”, o presidente da autarquia funchalense disse ainda que “a oferta desta obra acaba por simbolizar também a forma agregadora como a cultura deve sempre estar”.