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May 3, 2021 - 3 minute read

Exposição retrospetiva dedicada ao ator Ruy de Carvalho patente na Casa do Artista

A Casa do Artista, em Lisboa inaugura na quinta-feira uma exposição retrospetiva de fotografias do ator Ruy de Carvalho, de 94 anos, que faz parte do elenco da peça “A Ratoeira”, atualmente em cena no teatro Armando Cortez, desta instituição em Lisboa. A exposição “Retratos Contados de Ruy de Carvalho” é comissariada por Nélson Mateus, amigo do ator, e inclui fotos desde a infância de Ruy de Carvalho até algumas efetuadas “há semanas atrás”, designadamente dos vários prémios que recebeu, bem como de condecorações do Estado português.

Nélson Mateus realçou, em declarações à agência Lusa, um conjunto de fotografias de autoria de Pedro Homem Cardoso, e o texto final da exposição de autoria da escritora Alice Vieira, “amiga, desde a infância”, de Ruy de Carvalho.

Em junho de 2018 o ator recebeu o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, da Igreja Católica, tendo na ocasião o júri assinalado o “percurso brilhante” de Ruy de Carvalho enquanto aluno do Conservatório Nacional, a sua passagem pela direção artística do Teatro Experimental do Porto (TEP), a experiência como encenador (“Terra Firme”, de Miguel Torga) e a “inesquecível interpretação” de “Rei Lear”, no palco do Teatro Nacional D. Maria II, em 1998.

O júri, que incluiu, entre outros, João Lavrador, bispo de Angra do Heroísmo e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, o padre Américo Aguiar, presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença, o padre António Trigueiros, diretor da revista “Brotéria”, e a professora Maria Teresa Dias Furtado, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, justificou a distinção do “ator e declamador”, pela “cimeira representatividade nos palcos e nos ecrãs há mais de sete décadas”.

No cinema, Ruy de Carvalho participou em filmes como “Pássaros de Asas Cortadas” (1963), de Artur Ramos, “Domingo à Tarde” (1965), de António de Macedo, “O Cerco” (1969), de António da Cunha Telles, “Cântico Final” (1974), de Manuel Guimarães, e “Non ou a Vã Glória de Mandar” (1990), de Manoel de Oliveira.

Ruy de Carvalho nasceu em Lisboa, a 01 de março de 1927, estreou-se em 1942, no grupo da organização Mocidade Porttuguesa, em “O Jogo para o Natal de Cristo”, peça encenada por Francisco Ribeiro, conhecido como Ribeirinho, e anunciou a reforma em 1998, com a interpretação de Rei Lear, no Nacional D. Maria II, mas tem continuado a representar nos palcos e na televisão.

No Teatro Nacional D. Maria II estreou-se em 1947, fazendo parte do elenco da companhia Rey-Colaço/Robles Monteiro.

Pisou outros palcos como os dos teatros Avenida, Monumental, onde contracenou com Laura Alves, e o Villaret, ao lado de Florbela Queiroz, e fez parte de outras companhias, entre as quais a de teatro ambulante Rafael Oliveira, do Teatro do Povo, sob a direção de Ribeirinho, e do Teatro Moderno de Lisboa, com sede no Cine-Teatro Império, no qual trabalhou, entre outros, com Carmem Dolores.

O ator tem o nome associado à primeira peça exibida na televisão portuguesa, “Monólogo do Vaqueiro”, de Gil Vicente, em 1957, e também à primeira telenovela portuguesa, “Vila Faia”, de 1982, realizada por Nuno Teixeira para a RTP.

A 01 de março de 2017, quando completou 90 anos, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

Em 1998, tinha já sido condecorado com o grau de comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada, pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.

Nelson Mateus defendeu que “as pessoas devem ser homenageadas em vida” e acrescentou que Ruy de Carvalho “é merecedor de muito mais”.

“Retratos Contados de Ruy de Carvalho” está patente na galeria Raul Solnado, da Casa do Artista, na freguesia lisboeta de Carnide, até final de julho.