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Apr 2, 2021 - 3 minute read

EUA vão participar nas conversações sobre acordo nuclear iraniano na próxima semana

Os Estados Unidos vão participar na próxima semana, em Viena, nas conversações com as principais potências que assinaram o acordo nuclear iraniano de 2015, e continuam “abertos” a discussões “diretas” com o Irão, anunciou hoje o porta-voz diplomático norte-americano. “Os principais tópicos que serão discutidos são as medidas nucleares que o Irão deve tomar para voltar a cumprir plenamente os termos” do acordo internacional de 2015, “e as medidas de levantamento de sanções que os Estados Unidos devem tomar para voltarem também a cumprir”, disse Ned Price à agência AFP.

Referiu que essas conversações começariam na terça-feira na Áustria, e avisou que os Estados Unidos não esperavam “um avanço imediato”, mas sim “discussões difíceis”.

“Pensamos que é um passo em frente saudável”, acrescentou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

As grandes potências que ainda são membros do acordo que supostamente impede o Irão de adquirir uma bomba atómica - China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido - realizaram hoje uma reunião virtual com Teerão, organizada pela União Europeia. Foi a primeira desde a eleição de Joe Biden nos Estados Unidos, que não estavam representados, uma vez que os iranianos recusaram nesta fase um encontro direto com o país inimigo.

O antigo presidente norte-americano Donald Trump retirou o seu país do acordo em 2018, e restabeleceu todas as sanções dos Estados Unidos contra o Irão, que, em troca, começou a libertar-se das restrições ao seu programa nuclear.

O novo presidente norte-americano disse que está disposto a voltar ao acordo se Teerão também voltar a respeitar os seus compromissos, mas os dois países estão a passar a responsabilidade sobre quem deve dar o primeiro passo.

No final da reunião de hoje, os participantes concordaram em reunir-se novamente na próxima semana, em Viena.

O anúncio da reunião em Viena da comissão mista do JCPOA (o Plano de Ação conjunto Global, na sigla em inglês) surge após, na terça-feira, o Irão ter indicado que faz depender a paragem da produção de urânio enriquecido a 20% do fim de “todas as sanções” dos Estados Unidos, em resposta a uma eventual proposta de Washington de retomar as negociações sobre energia nuclear.

“O enriquecimento [de urânio] a 20% está em concordância com o artigo 36.º do JCPOA e só [pode conhecer um fim] se os Estados Unidos levantarem todas as sanções”, disse um alto responsável iraniano sob anonimato à televisão estatal de Teerão Press TV, em língua inglesa.

O Irão começou a produzir urânio (20%) no passado mês de janeiro, transgredindo o pacto, que estipula o máximo de pureza até 3,67% e está também a usar centrifugadoras avançadas quando o JCPOA apenas permite os equipamentos de primeira geração.