madeira news

Feb 18, 2021 - 2 minute read

Estudo aponta que teletrabalho pode levar a aumento da natalidade na Europa

Um estudo da Coimbra Business School (CBS) e da Universidade de Málaga, de Espanha, aponta que o teletrabalho a longo tempo provocado pela pandemia da covid-19 poderá levar ao aumento dos nascimentos em toda a Europa por permitir a conciliação da atividade laboral com a vida familiar. Esta investigação, publicada hoje e que contou com uma amostra de mais de 19 mil trabalhadores de 34 países europeus, entre os quais Portugal, aponta que o trabalho a tempo inteiro no modelo presencial desincentivava as famílias a terem mais do que um filho.

“A mudança nas condições de trabalho que a pandemia veio provocar poderá ter duas consequências benéficas: aumentar o número de filhos que cada família decide ter e aumentar a produtividade de cada colaborador, por permitir que estes poupem imensas horas em deslocações, reduzam o stress e tenham uma maior satisfação global com o emprego”, refere a autora, Carla Henriques, docente do CBS.

Segundo este estudo, antes da pandemia eram os trabalhadores a tempo parcial que se imaginavam a expandir a família, contrariamente ao que acontecia com quem trabalhava mais horas.

“Antes da pandemia, os profissionais indicavam ser muito difícil criar uma harmonia entre o trabalho e a vida pessoal, uma vez que chegavam a casa esgotados com o ritmo e o stress da rotina dos empregos presenciais e das pendulações casa-trabalho”, explicou a investigadora.

No futuro, quando os constrangimentos da pandemia forem ultrapassados, Carla Henriques considera provável que muitos dos trabalhadores negoceiem com as suas empresas e passem a ter boa parte da sua atividade profissional em teletrabalho.

“Muitas vezes, para conseguirem progredir nos seus empregos e obterem uma maior progressão salarial, muitas pessoas - sobretudo mulheres - optavam por ter só uma criança ou, pura e simplesmente, decidiam não ter filhos”, frisou.

A CBS salienta que o índice de fecundidade na Europa reflete até hoje esta tendência, com uma constante diminuição do número de nascimentos nas últimas décadas, em que nenhum país europeu atinge o número mínimo de filhos por mulher em idade fértil (2,1) que permita a renovação de gerações.

Portugal continua a ser um dos países com os números mais baixos (1,38) neste capítulo.