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Mar 4, 2021 - 3 minute read

Estudo aponta que mulheres trabalham mais uma hora e 13 minutos que os homens

Um estudo elaborado pela CGTP, divulgado hoje, aponta que as mulheres portuguesas trabalham em cada dia útil mais uma hora e 13 minutos do que os homens, entre trabalho pago e não pago, continuando a ter maior dificuldade em conciliar a profissão com a vida familiar e pessoal. Esta investigação é a última de um conjunto que a Comissão para a Igualdade tem vindo a divulgar sobre a situação atual da mulher no trabalho, no âmbito da preparação da Semana da Igualdade que a central promove entre 08 e 12 de março.

Segundo a análise, feita com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat, 78% das mulheres trabalhadoras fazem pelo menos uma hora de trabalho doméstico por dia, enquanto apenas 19% dos homens o fazem.

“Apesar de haver sinais positivos sobre a participação dos homens ao nível da partilha de responsabilidades na vida familiar, existe ainda uma grande distância entre partilha equilibrada de responsabilidades e as realidades quotidianas”, refere o estudo.

De acordo com o documento, quase 40% das mulheres já interrompeu a carreira para cuidar de filhos, enquanto apenas 8% dos homens o fez.

Cerca de 17% das mulheres são cuidadoras informais, abdicando, total ou parcialmente, a título temporário ou definitivo, do pleno envolvimento no trabalho remunerado para prestar assistência a cônjuge, pais, filhos, ou outros familiares em condição de fragilidade ou de dependência. E apenas 9% dos homens são cuidadores informais.

“Neste contexto, os efeitos já causados pela pandemia e a generalização do teletrabalho para um elevado número de mulheres, aprofundaram ainda mais as dificuldades já existentes na conciliação entre trabalho e vida familiar e pessoal”, considerou a CGTP.

Segundo o estudo, na primeira vaga da crise pandémica, coincidente com o 2.º trimestre de 2020, a proporção da população empregada que trabalhou sempre ou quase sempre em casa, em teletrabalho, chegou aos 25,2% nas mulheres e aos 21,1% nos homens.

Citando os resultados do inquérito nacional realizado em 2020 pelo INE, o documento diz que a existência de crianças conduz a uma perceção mais desfavorável quanto à existência de condições necessárias ao teletrabalho em termos de situação familiar e de gestão do tempo, particularmente entre as mulheres.

“Por outro lado, foram também as mulheres quem mais recorreu ao apoio extraordinário à família, sendo que mais de 80% dos beneficiários deste apoio são mulheres, um indicador que ilustra de forma clara as assimetrias que continuam a marcar a prestação de cuidados no seio familiar”, refere.

As desigualdades relativamente às mulheres persistem apesar de Portugal ser um dos países europeus com mais elevada taxa de participação feminina no mercado de trabalho, dado que a taxa de atividade das mulheres se situa nos 73%, acima da média europeia, que é de 68%, e próxima da taxa de atividade dos homens, que se situa nos 78%.

Portugal combina uma taxa de atividade feminina elevada com uma baixa proporção de mulheres empregadas a tempo parcial, pois apenas 11% das mulheres o fazem, comparativamente com os mais de 31% registados na média da União Europeia.

Simultaneamente, as mulheres representam cerca de 50% do emprego em Portugal, enquanto a nível europeu a taxa de feminização do emprego se encontra nos 46%.

A Comissão para a Igualdade da CGTP considerou que “o prolongamento generalizado e a constante irregularidade dos horários e tempos de trabalho são claramente incompatíveis com a necessidade de conciliar diariamente a vida profissional com a vida familiar”.